Revista Lavoura Arrozeira 470

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Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019


EDITORIAL

O Irga pronto para o futuro A Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz – Irga Av. Missões, 342 – Porto Alegre/RS – Brasil CEP 90230-100 – Fone + 55 (51) 3288-0400 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @irgaRS ISSN:0023-9143 Governador do Estado: José Ivo Sartori Vice-governador: José Paulo Cairoli Secretário Estadual da Agricultura Pecuária e Irrigação: Odacir Klein Presidente do Irga: Guinter Frantz Diretor Administrativo: João Alberto Antonio Diretor Comercial: Tiago Sarmento Barata Diretor Técnico: Maurício Miguel Fischer Assessoria de Comunicação: Raquel Flores, Sérgio Pereira e Taís Forgearini Revista Lavoura Arrozeira nº 470 Conselho Editorial: Athos Dias de Castro Gadea, Camila Pilownic Couto, Francisco Alexandre de Morais, Raquel Flores, Ricardo Machado Kroeff, Sérgio Pereira, Tânia Dias Nahra e Victor Hugo Kayser Produção e execução Edição: Cleiton Evandro dos Santos Textos: Cleiton Evandro dos Santos, Sérgio Pereira, Taís Forgearini, Emerson Alves e Luciara Schneid Fotografias: Sérgio Pereira, Taís Forgearini, Roger Portela, Robispierre Giuliani e arquivo Irga e empresas e instituições do setor Foto de capa: Robispierre Giuliani Arte: Raquel Flores Editoração eletrônica: Tiago Schoenfeld Revisão: Simone Hunter Colaboração: Carolina Pitta, Jossana Ceolin Cera, Victor Hugo Kayser e Tânia Dias Nahra Impressão Delta Editora e Serviços Gráficos Tiragem: 9.000 exemplares Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br +55 51 3288-0455 Para assinar gratuitamente a revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assine É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.

Ao concluirmos esta etapa, juntamente com a equipe diretiva, todos os líderes de processo e profissionais envolvidos, temos a consciência de que cumprimos da melhor forma possível nossas atribuições compromissadas com o governo do Estado e com os integrantes da cadeia orizícola, mesmo diante de eventuais limitações de recursos financeiros. O Irga se manteve de forma permanente ao lado da orizicultura gaúcha, abrangendo orientações e recomendações técnicas para as lavouras, desenvolvimento e difusão de novas tecnologias e ainda o acompanhamento e defesa dos interesses dos produtores junto às gestões públicas. Preparamos o caminho para que os próximos gestores tenham condições direcionadas para que a Instituição prossiga perseguindo o alcance de sua missão: “Gerar e difundir soluções para a cadeia produtiva do arroz no Rio Grande do Sul”. Portanto, a continuidade dos pontos positivos implantados, implementados ou por serem implementados, é fundamental para o melhor desempenho da autarquia, para a busca da excelência dos seus serviços e propósitos. Uma instituição precisa de inovação permanente e a inovação depende de um olhar voltado para o futuro, do conhecimento das partes interessadas, da gestão eficaz das compe-

tências das pessoas, do estabelecimento de uma cultura colaborativa e da gestão do conhecimento organizacional. Para tanto, foi desenvolvido o Planejamento Estratégico do Irga, documento que envolve todas as representações da autarquia e que está sendo validado por grupos de trabalho, Comissão Institucional e Conselho Deliberativo. Esse planejamento permitirá, nos próximos anos, que o Irga se desenvolva de forma planejada e organizada, com os devidos ajustes e alinhamentos necessários ao cumprimento de sua missão. Encerramos o ano com a edição final da Lavoura Arrozeira, publicação de décadas que sempre traduziu as ações do Instituto voltado aos produtores e integrantes da cadeia produtiva do arroz. Em especial, nesta edição, destacamos a nova cultivar Irga 431 CL, que simplifica, entre muitas ações do Irga, o desenvolvimento e disponibilidade de uma cultivar adequada às exigências da lavoura de arroz, oferecendo uma nova alternativa aos produtores. Os desafios são muitos, mas temos que continuar nos adaptando com muita agilidade e rapidez às demandas que nos são impostas, as quais demonstram permanente transformação. Temos que estar em um contínuo processo de mudança em direção ao futuro.

Sumário Renovação do Conselho.................. 4

Indenizações por granizo............... 38

Novo site do Irga.............................. 6

Eventos: Expoarroz 4.0.................. 40

Capa: Irga 431 CL............................ 7

Expointer: lugar de arroz................ 41

Sementes: muita técnica................ 10

Mercado: em busca de equilíbrio... 42

Abertura da Colheita...................... 14

Convenção para o futuro................ 43

Safra 2018/19: ajuste fino.............. 16

Flar: referência internacional.......... 44

Prognóstico climático..................... 18

Conferência no Peru...................... 45

Meteorologia: nova plataforma....... 20

Orgânicos em debate no Brasil ..... 46

Projeto 10+..................................... 21

Calendário de Dias de Campo....... 48

Soja: 6000 razões para cultivar...... 28

Novo endereço em 2019................ 50

Receita para a integração.............. 29

Um patrono para a biblioteca......... 51

Provarroz: pilares de valorização... 32

Medições de vazão no Rio Quaraí.... 52

Artigo: farinha de arroz................... 36

Almanaque..................................... 54

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INSTITUCIONAL

Bons conselhos para a orizicultura

Representantes da cadeia produtiva renovam um terço do Conselho Deliberativo

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interlocução direta entre o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a lavoura, a indústria, o comércio e as cooperativas de arroz foi fortalecida com a eleição do Conselho Deliberativo da autarquia. O conselho é formado por 78 integrantes titulares e 156 suplentes (dois de cada município ou representação setorial). As eleições de junho e julho, pois alguns municípios tiveram uma segunda rodada de votação por conta de chapas em disputa ou necessidade de alcançar o quórum mínimo de eleitores, renovaram praticamente um terço da representação municipal no conselho, pois 43 representantes foram reconduzidos enquanto 20 novos conselheiros foram eleitos. Quinze suplentes assumiram a titularidade e o município de Cachoeira do Sul, após três anos de ausência, voltou a ser representado. Dos 78 conselheiros, 72 representam os municípios e os segmentos cooperativo, industrial e comercial têm dois conselheiros, cada um, com os respectivos suplentes. “É uma representatividade muito importante dos produtores, um colegiado com o poder de discutir, sugerir, criticar e deliberar sobre os rumos do projeto e da administração em consonância com a diretoria, uma forma efetiva e democrática da lavoura estar representada nos rumos e no futuro da autarquia”, explica o presidente Guinter Frantz. Dos 80 municípios aptos a eleger conselheiros, 73 apresentaram chapa e 54 elegeram seus candidatos na primeira eleição, realizada dia 28 de junho de 2018, por terem atingido o quórum mínimo de 20% do eleitorado votante. Dos 19 municípios que apresentaram chapa para a segunda rodada de eleição, dia 20 de julho, 18 confirmaram assento no órgão deliberativo. Victor Hugo Kayser, integrante da comissão eleitoral, revelou que no dia da primeira eleição houve chuvas muito intensas na região arrozeira, o que atrapalhou a votação e impediu muitos eleitores de irem votar. “O voto não é obrigatório e depende da vontade do 4

Novo conselho: renovação de 1/3 no órgão deliberativo

IMPORTANTE O Conselho Deliberativo é um órgão de administração do Irga, juntamente com a diretoria executiva e a comissão de controle. Conforme a Lei Estadual nº 13.697/2011, compete ao Conselho Deliberativo: decidir sobre a aplicação dos fundos do Instituto, sobre a venda, a compra ou a oneração de bens imóveis; instituir seu regimento interno, que estabelecerá suas demais atribuições e somente poderá ser alterado por deliberação de 2/3 (dois terços) de seus membros; representar a diretoria contra atos de funcionários do instituto e ao governo do Estado sobre atos do presidente, da diretoria executiva e do conselho consultivo que julgar prejudiciais aos interesses do Irga; e aprovar em primeira instância o orçamento, examinar as contas e o relatório da diretoria executiva.

Homenagens: diretoria fez homenagens na posse

EQUIPE A equipe destinada pelo Irga para organizar a eleição foi formada pelos servidores: Lia Virginia Rodrigues (presidente), Ana Carolina Dauve, Cláudia Helena Vargas Amaro da Silveira, João Alberto Antônio, Ricardo Machado Kroeff, Susana Costa e Victor Hugo Kayser.

arrozeiro ir até o local de votação”, explica. Ficaram sem representantes no Conselho Deliberativo por não registrarem chapa ou atingirem o percen-

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tual de corte, os municípios de Aceguá, Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Manoel Viana, Mata, Morrinhos do Sul, Santa Margarida do Sul e Santo Antônio das Missões.


INSTITUCIONAL MUNICÍPIO

CONSELHEIRO TITULAR

1º SUPLENTE

2º SUPLENTE

w AGUDO.................................................AURO REINOLDO KIRINUS........................... EDUARDO AUGUSTO MULLER....................... JEFERSON LEANDRO TEMP w ALEGRETE...........................................GEOVANO PARCIANELLO............................ HENRIQUE OSÓRIO DORNELLES................... MARIA DE FATIMA M. MENEZES SILVA w ARAMBARÉ..........................................ROBERTO LONGARAY JAEGER.................. ROGÉRIO SOUZA E SILVA................................ JORGE LONGARAY JAEGER w ARROIO GRANDE...............................PAULO RICARDO R. DE FREITAS................ LADISLAU HORNER SILVEIRA......................... HENRIQUE CARVALHO MEDEIROS w BAGÉ....................................................VALDIR DONICHT.......................................... JOÃO PAULO VIERO TASCHETTO.................. VILSON CEOLIN w BARRA DO QUARAÍ............................WERNER ARNS FILHO.................................. JORGE DOVIGI................................................... WERNER ARNS w BARRA DO RIBEIRO...........................MARCELO EDUARDO CZAPLISKI................ GABRIEL DIDIO................................................... ELEMAR MICHAELSEN w CACEQUI..............................................PAULINHO MENEGHETTI............................. CLÓVIS PAULO LISBOA MEZZOMO................. PAULO GIOVANI FERNANDES DA SILVA w CACHOEIRA DO SUL..........................NESTOR GERALDO TREICHEL.................... ROGÉRIO HOERBE............................................ VERNER BRENDLER w CAMAQUÃ............................................JOSÉ CARLOS GROSS DIAS........................ SOLISMAR PAULO FREITAS FONSECA.......... CELSO BARTZ w CANDELÁRIA.......................................FERNANDO WOLLMANN.............................. FABIANO FLORIANO SCHEFFEL...................... MAURÍCIO EDUARDO BESKOW w CAPÃO DO LEÃO................................EVERCI PEREZ LOBATTO............................ CARLOS ALBERTO P. IRIBARREM JR............. CARLOS ALBERTO PRESTES IRIBARREM w CAPELA DE SANTANA.......................OLAVO ANTÔNIO CÂMERA.......................... JOÃO CARLOS KROEFF SCHMITZ.................. DALMIR BIF GOULARTE w CAPIVARI DO SUL...............................JAIRO DOMINGOS BUENO........................... CANDIDO LUIS DE MORAES DUTRA............... FERNANDO QUADROS CARDOSO w CHARQUEADAS..................................HENRIQUE ORLANDI JÚNIOR...................... EUSÉBIO WATERKEMPER............................... PAULO RICARDO MARTINS FEIJÓ w CHUÍ.....................................................AILTON NICOLETI BACELO.......................... LUIZ OTAVIO G. DA SILVA MORAES................ MATHEUS DE SOUZA FRAGA w CRISTAL...............................................CLÁUDIO F. EVANGELISTA TAVARES........ ENIO KRUNT....................................................... JOSÉ LUIZ JARDIM AGOSTINI w DILERMANDO DE AGUIAR.................SÉRGIO RENATO ROSSI DE FREITAS........ NOÉ IOP BALCONI............................................. GEOVANI BEVILAQUA BALCONI w DOM PEDRITO....................................GILBERTO ZAMBONATO RAGUZZONI........ VALDEMIR JOÃO SIMÃO................................... LEANDRO LUIZ MAINARDI w DONA FRANCISCA..............................RENATO CELIO HOPPE................................ FABIO ANTÔNIO POZZER................................. ELI JOSÉ RECK w ELDORADO DO SUL...........................DAVENIR DA SILVA DOS SANTOS.............. HÉLIO GONÇALVES........................................... FABIO CEZAR VARGAS MACHADO w ENCRUZILHADA DO SUL...................GLEIDSON MESQUITA COSTA.................... MARCIO CARVALHO DOS SANTOS................. GUINTHER AFONSO STRACKE w FAXINAL DO SOTURNO.....................ZAIR ROQUE CERETTA................................ FRANCISCO SARZI SARTORI........................... NICOLAU BULEGON w FORMIGUEIRO....................................ELVIO DA SILVA MACHADO......................... RAFAEL VARGAS DE SOUZA........................... ELIZEO DA SILVEIRA FOLETTO w GENERAL CÂMARA............................DANIEL DELLA NINA REIS............................ RAMIRO NODÁRIO PEREIRA REIS.................. EVANDRO RAFAEL SCHREIBER w GLORINHA...........................................MAURÍCIO CARDOSO BARCELLOS............ JOSÉ FERRUGEM BARCELLOS....................... PAULO ROBERTO PEREIRA SOARES w GUAIBA................................................IVO LESSA SILVEIRA FILHO......................... ITOR CUNHA DE OLIVEIRA............................... MARCOS ANTÔNIO B.LIMA DA SILVA w ITAQUI..................................................CLARISSA ROHDE LOPES PEIXOTO.......... FERNANDO MELO SILVEIRA............................ MARIA ISABEL FERNANDES FINGER w JAGUARÃO..........................................JOÃO PAULO SILVEIRA SILVEIRA............... ALMIRO DE FARIA PIÚMA................................. JAIR CALVETE FEIJÓ w JAGUARI..............................................GIANCARLO SPAGNOLO.............................. ROBERTO PILLON GUERRA............................. JAELSON LUIS MACARIO PICOLO w MAÇAMBARÁ.......................................JOÃO RAUL CORREA BORGES NETO........ PEDRO D’ALCÂNTARA M. NETO...................... EDUARDO MARQUES AYUB w MINAS DO LEÃO.................................SÉRGIO ROST................................................ WILSON CONRADO KLAFKE............................ ERALDO DO NASCIMENTO GRIBLER w MOSTARDAS.......................................ALEXANDRE AZEVEDO VELHO................... JAIR LUIZ GARCIA.............................................. CLEO EVANDRO MARTINS GUIMARÃES w NOVA SANTA RITA.............................SILVIO LUIZ DA ROSA LOPES...................... NILVO FERNANDO BOSA.................................. REVILINO ERNESTO FORNAZIERI w NOVO CABRAIS..................................NILDO ARNO RENNER.................................. LUIZ FERNANDO ALBERTO.............................. FELIPE EDUARDO ABICH w OSÓRIO................................................ANFILÓQUIO EMERIM MARQUES............... JAQUES ALBERTO BARCELLOS...................... CRISTIAN PIRES PACHECO w PALMARES DO SUL............................DIONATA MACHADO DOS SANTOS............ GUSTAVO MEYER DOS SANTOS.................... TIAGO OLIVEIRA ROSA w PANTANO GRANDE............................RENALDO SILVIO GLASENAPP................... JOÃO CARLOS DE MORAES............................ FELIPE ANTÔNIO LIMBERGER w PARAISO DO SUL...............................ROBERTO FREDERICO BLOCK................... ILDO DERLI ZIMMER.......................................... RENAN LUIZ BUSKE w PEDRAS ALTAS...................................SÉRGIO SOUZA FERNANDES...................... GABRIEL MELLO SOUZA FERNANDES........... CARLOS SANTOS SILVEIRA DE ÁVILA w PEDRO OSÓRIO..................................JAIR ALMEIDA DA SILVA............................... JULIANO ZAMBRANO SCHUCH........................ RODRIGO FERNANDES SOUZA COSTA w PELOTAS.............................................FERNANDO RECHSTEINER......................... GUSTAVO AYUB LARA...................................... EDUARDO ALMEIDA w QUARAÍ................................................FERNANDO CORREA OSÓRIO.................... ROBSON ADEMIR LOPES BALEST.................. LUIZ ALBERTO SERRALTA ACAUAN w RESTINGA SECA.................................PAULO ROBERTO C. DE OLIVEIRA............. ANTÔNIO MÔNEGO........................................... ELIO AUGUSTO RADDATZ w RIO GRANDE.......................................FREDERICO BERGAMASCHI COSTA.......... DILNEI SANDER PORTANTIOLO...................... RUBENS PINHO SILVEIRA w RIO PARDO..........................................NELSON TATSCH.......................................... ANDRÉ BARBOSA BARRETTO......................... ENIO MIGUEL DA ROCHA w ROSARIO DO SUL...............................ALEXANDRE CHEROBINI DALMOLIN.......... LEONARDO ZAMBERLAN.................................. CRISSIAN POSSER MARIN w SANTA CRUZ DO SUL........................RENATO LUIZ MAHL...................................... DARCI LUIZ KERN.............................................. MARCELO ALOISIO RABUSKE w SANTA MARIA.....................................CÉLIO LUIZ FONTANA................................... DOMINGOS DALA PORTA BALCONI................ ROBERTO ROSSINI SANTINI w SANTA VITÓRIA DO PALMAR............MARCOS GOMES DA SILVA......................... MÁRCIO SANCHEZ DA SILVEIRA..................... LEANDRO VIEIRA PAIVA w SANTANA DO LIVRAMENTO..............JOSÉ ANTÔNIO TATSCH DA SILVA............. CARLOS RENI LOVATTO MARINHO................ GABRIEL PERES ARAÚJO TROJAHN w SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA.....LUIZ CARLOS MACHADO............................. JAIR FRANCISCO B. PEIXOTO........................ LEONARDO MACIEL w SÃO BORJA.........................................GUSTAVO ANTÔNIO B.MEZOMO................ MAURO LUIZ BASTIANI..................................... TIAGO BARCHET w SÃO FRANCISCO DE ASSIS..............FRANCISCO PEDRO BERGUEMAIER......... JAIRO DISCONZI GINDRI.................................. DAISON GAUBER BASTIANI w SÃO GABRIEL......................................SÉRGIO AUGUSTO GIULIANI FILHO........... MARCELO TERRA CORREA............................. TIAGO SARMENTO BARATA w SÃO JERÔNIMO..................................LUIS CELSO LAGO DE OLIVEIRA FILHO..... MARCOS AURÉLIO MARQUES BRESSAN...... ERASMO GONÇALVES DE SOUZA NETO w SÃO JOÃO DO POLÊSINE..................PIO JOSÉ ROSSO.......................................... MARCOS ANTÔNIO CERA................................. EDISON POZZEBON w SÃO JOSÉ DO NORTE........................JOELMA KNAK GAUTÉRIO........................... JOSÉ ANTÔNIO DA ROSA GAUTÉRIO............. DANIEL KNAK LOPES w SÃO LOURENÇO DO SUL..................MAURÍCIO SERPA BORN.............................. PAULO RENATO S. DE SOUZA COELHO........ JOSÉ LEOPOLDO PRATES SOARES w SÃO PEDRO DO SUL..........................MARCELO GIULIANI...................................... ANDRÉ AURO BRUM GABRIEL........................ GILBERTO LUIS BORTOLUZZI w SÃO SEPÉ............................................EULO JUARES FERREIRA MACHADO........ MARCELO SBICIGO........................................... GIOVANE CORREA MACHADO w SÃO VICENTE DO SUL.......................ANTERO MARQUES DA ROCHA XAVIER... CARLOS LAMPERT CAUDURO......................... CLANILTON SILVA SALVADOR w SENTINELA DO SUL...........................ORLANDO LIMA DE LIMA.............................. CILON BARBOSA VIEIRA.................................. CLAUDIOMAR ALENCAR DOS SANTOS w TAPES..................................................ARNALDO SCHWALM ECKERT.................... PITER ALENCASTRO DE SOUZA.................... EZEQUIEL PILOTTI ROCHA w TAQUARI..............................................JAIRO DE OLIVEIRA...................................... CRISTIANO DA SILVA BIZARRO....................... ANTÔNIO CARLOS SILVA PORN w TAVARES.............................................AUGUSTO DE ARAÚJO GUARITA................ FLÁVIO JOSÉ RODRIGUES DE SOUZA........... GILMAR FERREIRA LEMOS w TORRES...............................................ALFREDO TREIN LOTHHAMMER................. GABRIEL BAUER MUNARI................................. OSNI LUIZ COSTA DEWES w TRIUNFO...................................... TIAGO ACORDI...................................... BERLI MARCOS BAUER...........................SILVIO DA SILVA WAGNER w TURUÇU....................................... CARLOS WEYMAR................................ ADOLFO ANTÔNIO FETTER JUNIOR .....LUIZ NACHTIGALL w URUGUAIANA.............................. WALTER ARNS...................................... ARIOSTO DE MACEDO PONS NETO.......JULIO ALBERTO SILVEIRA FILHO w VENÂNCIO AIRES....................... ODAYR GUTERRES DE CARVALHO... MÉRCIO JOSÉ KONZEN...........................CLÓVIS JOSÉ HANEMANN w VIAMÃO........................................ EUGÊNIO DE FREITAS BUENO........... ADEMAR MARAFIGA.................................RODRIGO GHELLERE w REPRESENTANTES DA IND. E DO COMÉRCIO 1..................... ARMANDO DE GARCIA FILHO............. NESTOR DE MOURA JARDIM NETO.......PAULO FERNANDO FERNANDES w REPRESENTANTES DA IND. E DO COMÉRCIO 2..................... ZÉLIO WILTON HOCSMAN................... RODRIGO DE SOUSA COSTA . ...............ELMAR CARLOS HADLER w REPRESENTANTES DA IND. E DO COMÉRCIO 3..................... ELIO JORGE CORADINI........................ CÉZAR AUGUSTO GAZZANEO................ANDRÉ ZIGLIA w REPRESENTANTES DA IND. E DO COMÉRCIO 4..................... FERNANDO CARVALHO....................... GIANCARLO F. DOS SANTOS SILVA.......JAIRTON RUSSO w REPRESENTANTES DA FEARROZ 1........................... ANDRÉ BARBOSA BARRETTO............ GILNEI LUIS SOARES...............................VIRGÍLIO RUSCHEL BRAZ w REPRESENTANTES DA FEARROZ 2........................... ANTÔNIO NETTO JUNIOR.................... SINVAL ALBINO NEVES GRESSLER.......PEDRO MILTON FRANCESCHI Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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INTERATIVIDADE

Conheça o novo site do Irga Página remodelada agora dá mais destaque aos programas da autarquia

O

Irga conta com um novo site desde junho. A página eletrônica manteve o mesmo endereço (www.irga. rs.gov.br), mas com novo layout que destaca, principalmente, os programas da autarquia e informações sobre mercado e safra de arroz. Ao entrar na página inicial, o usuário encontra logo em primeiro plano as notícias em destaque, agora com quatro matérias rotativas. Logo abaixo, o novo formato apresenta a Previsão do Tempo, agora realçada na capa do site. Outros assuntos também estão mais visíveis, como informações sobre as safras, o mercado, o Selo Ambiental, a revista Lavoura Arrozeira e o formulário para comunicação de ocorrência de granizo. A seguir ganharam importância com o novo desenho os três principais programas do Irga: Provarroz (Valorização do Arroz), Projeto 10+ e Soja 6.000. Outra qualidade do novo site é que ele agora é responsivo, ou seja, possui um layout específico para cada plataforma de acesso (desktop/notebook, smartphone ou tablet). A nova página também dá mais destaque às redes sociais, permitindo o compartilhamento das informações que o usuário acessa via Facebook, Twitter e WhatsApp. A atualização do endereço eletrônico atende a um pedido da Secretaria de Comunicação do Estado, com 6

o objetivo de definir um padrão visual para todos os sites do governo do RS. Esse padrão foi estabelecido junto à Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs), que desenvolveu cinco diferentes modelos de sites. A partir dessa nova orientação, a diretoria executiva do Irga designou uma comissão de servidores, com representantes de todas as diretorias, cujo trabalho foi escolher o modelo mais adequado às caracte-

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rísticas da autarquia e providenciar junto à Procergs as adaptações necessárias. O site do Irga tem uma média diária de 12 mil sessões (uma sessão é um conjunto de ações que os usuários executam no site por determinado tempo), chegando a registrar em alguns dias mais de 20 mil acessos. O assunto mais procurado é a previsão do tempo, seguida das notícias sobre as atividades do instituto e as informações sobre safra e mercado.


CAPA

IRGA 431 CL: era só o que faltava! Irga apresenta nova cultivar, ferramenta que suprirá boa parte do mercado de sementes no Rio Grande do Sul e alcançará países vizinhos e outros estados

A

expectativa do mercado é grande, mas a hora está chegando. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) vai apresentar oficialmente no campo na 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em fevereiro, em Capão do Leão, na zona sul gaúcha, a cultivar IRGA 431 CL. Trata-se de uma variedade com diferencial produtivo e de qualidade de grãos que tem sido demandada pela cadeia setorial, desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético de Arroz do instituto. Na temporada passada a semente genética foi produzida em 42 hectares em Uruguaiana (RS), além da área de inverno do Irga, em Alagoas, que gerou mais de cinco mil sacos de sementes para multiplicação. Nesta safra este volume foi transferido aos sementeiros que estão multiplicando o material e produzindo um volume capaz de atender à demanda da safra 2019/20, quando finalmente as sementes chegarão às lavouras comerciais. Com isso, a autarquia pretende ultrapassar 60% de participação no mercado sementeiro do Rio Grande do Sul Num primeiro contato com os arrozeiros, na temporada 2017/18, a cultivar destacou-se nas vitrines tecnológicas da 28ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, promovida pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), na Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga) em Cachoeirinha (RS). Também ganhou ênfase nos experimentos apresentados nos seis dias de campo regionais. Na próxima abertura da colheita, ela representará 50% da área a ser colhida simbolicamente no dia 22 de fevereiro. Seu lançamento oficial ocorreu em agosto passado, na Expointer 2018, em Esteio (RS). QUALIDADE Maurício Miguel Fischer, diretor técnico do Irga, destaca que a cultivar IRGA 431 CL chegará às lavouras como uma opção para o controle do arroz vermelho nas lavouras do Rio

Robispierre Giuliani

Nova cultivar: alta produtividade e qualidade de grãos

IMPORTANTE O manejo recomendado para a variedade IRGA 431 CL é o do Projeto 10+ para altas produtividades e racionalização dos custos. Entretanto, Athos Gadea, o gerente da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) do Instituto, alerta para um cuidado especial. Nos ensaios a campo ficou evidente que a cultivar é mais sensível ao atraso de colheita. “Ultrapassando 15 dias do ponto ideal de corte, é possível que caia o volume de grãos inteiros, o que exige maior cuidado por parte do agricultor não só com a colheita, mas também com a época de plantio e a organização de sua estrutura para entrar colhendo no ponto certo”, observa.

CARACTERÍSTICAS DO GRÃO w Classe................................ longo fino

w Teor de amilose................. alto (29%)

w Aparência..................................vítrea

w Temperatura de gelatinização... baixa

w Índice de centro branco.................0,3

Fonte: EEA/Irga

Grande do Sul. Nos ensaios e testes ela apresentou vantagens comparativas à variedade IRGA 424 RI no que se refere ao aspecto visual de grãos, pois registra baixo índice de centro branco, barriga branca ou barriguinha. “A cultivar também tem bom comportamento com relação a doenças, principalmente brusone, que tem sido

um dos principais problemas da orizicultura nos últimos anos”, explica o engenheiro agrônomo e melhorista da EEA/Irga Oneides Avozani. Um diferencial na condução dos experimentos pré-lançamento desta variedade foi o envio de amostras para diversas indústrias para que pudessem testar as características do material.

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CAPA

Uma questão de qualidade Variedade apresenta características adicionais de qualidade de grãos

A

cultivar IRGA 431 CL foi desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético da Estação Experimental do Arroz do Instituto Rio Grandense do Arroz em Cachoeirinha (RS). Entre suas características apresenta resistência aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas. Nas safras 2015/16 e 2016/17, para avaliação da cultivar, foram realizados ensaios de valor de cultivo e uso (VCU) nas diferentes regiões produtoras de arroz irrigado do Rio Grande do Sul. Por suas características adicionais de qualidade de grãos, tanto no aspecto industrial como culinário, na resistência ao acamamento e a doenças, além de seu potencial produtivo, está sendo recomendada para cultivo nas lavouras gaúchas. Origem - IRGA 431 CL é a denominação comercial da linhagem IRGA 176 CL-6-94-1-5, resultante da seleção genealógica realizada em progênie derivada de uma geração de retrocruzamento (IRGA 2913- 18-4 1-3Pg*1/ IRGA 420 CL). O cruzamento inicial entre as linhasgens IRGA 2913- 18- 4-1- 3PG e Irga 420 CL foi realizado na safra agrícola de 2006/2007 e o retrocruzamento na safra 2007/2008. O gene que confere resistência a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas foi herdado da linhagem IRGA 420 CL, que por sua vez foi transferido, por retrocruzamento, da linhagem PCW16, proveniente do Centro de agricultura da Universidade da Louisiana, nos Estados Unidos. 8

Gustavo Soares

Cultivar é resistente à brusone e à toxidez por ferro

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As características morfológicas

CAPA

w Porte baixo W el ni Da

w Folhas eretas e pilosas w Grãos longos e finos

w do al

w Casca pilosa e de coloração palha

Características fisiológicas e agronômicas w Estatura de planta 96 cm w Acamamento: resistente w Capacidade de perfilhamento: intermediária w Ciclo: precoce, 120 dias w Resistência a degrane: intermediária w Reação à toxidez por ferro: resistente

Reação às doenças w Brusone na folha: resistente w Brusone na panícula: resistente w Mancha dos grãos: moderadamente resistente w Mancha parda: suscetível w Escaldadura das folhas: suscetível w Mancha da bainha: moderadamente resistente

Maior qualidade de grãos é uma das suas características

DADOS MÉDIOS DE PRODUTIVIDADE (T HA*) Safra Agrícola

Nº de ensaios realizados

Irga 424 RI

Irga 428

Irga 431 CL

w 2015/16...................................................5................................................9,68............................. 9,76..................................10,94 w 2016/17...................................................7................................................11,10........................... 9,64....................................10,4 w Total/média............................................12..............................................10,39........................... 9,70..................................10,67 *Ensaios de VCU realizados em todas as regiões agrícolas do RS

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS GRÃOS TIPO

DIMENSÕES Comprimento (C)

Largura (L)

RELAÇÃO C/L Espessura

w Com casca

9,57

2,16

1,81

4,43

w Descascado

7,43

1,95

1,63

3,81

w Polido

6,72

1,89

1,61

3,56

Comportamento industrial w Peso de 1.000 grãos com casca: 25g w Renda do descascamento: 21,6% w Casca: 24 a 25% w Renda do beneficiamento: 70% w Rendimento de grãos inteiros: 65% w Farelo: 5% a 6% Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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SEMENTES

Muita técnica nessa hora

Tecnologias na semente de arroz põem a lavoura gaúcha entre as mais produtivas

Produção de sementes de arroz no RS Safra

Produtores

Certificadores

Área

Campos inscritos

w 2016/17............... 52...............................20.................... 16.732.................................. 448 w 2017/18............... 49...............................21.................... 14.275.................................. 338 Fonte: SPS/EEA/Irga

O

consenso científico é raro, mas se há um no ambiente arrozeiro gaúcho é o de que o potencial produtivo das sementes de arroz cultivadas no Rio Grande do Sul supera em muito os 15 mil quilos por hectare e que esse material genético é fundamental para colocar a lavoura gaúcha entre as grandes produtividades mundiais. A semente é uma minúscula portadora de alta tecnologia composta de forma a expressar alta produtividade, rusticidade, tolerância e resistência a doenças, resistir ao acamamento e degrane precoce, à toxidez por ferro, aos herbicidas e até alguns fatores climáticos adversos. E não é tudo. Ela precisa, além dos fatores agronômicos, apresentar alta qualidade industrial e de cocção – que é o famoso teste da panela. Acertar em cheio na excelência de uma cultivar que apresente todas estas características é raro, pois um índice maior que 99% das linhagens testadas nos programas de melhoramento genético é descartado. Desta maneira, 10

torna-se fundamental produzir sementes sadias, de qualidade e alto poder de germinação para atender às demandas de uma das lavouras que se está entre as mais tecnológicas, por outro lado também precisa ser uma das mais competitivas. Ainda que registre talhões com mais de 14 mil quilos de produtividade, e médias em algumas microrregiões acima de 11 mil quilos, o potencial genético da semente tende a perder rendimento por fatores como a interferência do clima, do solo, do manejo. Ainda assim, números como os da safra 2017/18 no Rio Grande do Sul fortalecem o consenso sobre o nível tecnológico presente nas sementes. O estado alcançou a média de 7.949 quilos por hectare, enquanto o recorte da fronteira oeste alcançou 8.661 quilos e o da zona sul 8.199 quilos por hectare. E estamos falando de uma região de 1,078 milhão de hectares cultivados, 55% da área brasileira, que colheu 8,47 milhões de toneladas, o equivalente a 72% da safra nacional.

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Diferencial produtivo: qualidade das sementes potencializa a lavoura gaúcha

Essa base genética tem em centros de pesquisas como o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), uma fonte permanente de estudo e aprimoramento, pois se por um lado a lavoura gaúcha é uma das mais tecnológicas, por outro precisa estar entre as mais competitivas. CARACTERÍSTICAS Gustavo Campos Soares, engenheiro agrônomo que chefia a seção de produção de sementes do Irga, enfatiza que graças a essa base tecnológica tem sido possível agregar à quase totalidade das cultivares características determinantes para o resultado das lavouras, como resistência a doenças como a brusone, à toxidez por ferro, aos herbicidas do grupo das imidazolinonas (RI/CL), altas taxas de produtividade, qualidade de grãos e de cocção, entre outros fatores. “Hoje, quase 84% das cultivares usadas no Rio Grande do Sul são resistentes a herbicida, como uma ferramenta importante para combater as ervas daninhas”, explica.


SEMENTES

A base do sucesso na lavoura Semente certificada garante maior potencial de desempenho à orizicultura

U

m dos fatores que pode explicar a evolução da produtividade da lavoura gaúcha é exatamente o uso de sementes certificadas, que pulou de 41% para 57% em cerca de sete temporadas. O Irga certifica sementes suficientes para cobrirem até 65% da área, mas parte é direcionada a outros

estados e países. No total, a oferta potencial para cobrir a área gaúcha alcançou, em 2017/18, o equivalente a 72%, “O produtor está mais consciente e a pressão das pragas também vem obrigando-o a buscar soluções e material genético de qualidade superior e de procedência comprovada”, assegura

Gustavo Campos Soares, engenheiro agrônomo do Irga. O ingresso de variedades produtivas, mas suscetíveis à brusone foi um dos fatores que levou os agricultores a buscarem genética certificada e resistente ao fungo. O custo com fungicida passou a pesar demais no custo de produção.

Produção de material genético: toda a tecnologia do Irga concentrada nas variedades

Oferta potencial de semente certificada em função da área semeada Safra 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 %

42,1

46,8

70,3

63,8

64,7

71,7

77,9

72,5

Fonte: SPS/EEA/Irga Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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SEMENTES

Economia que custa mais caro Material genético pode reduzir a demanda da cultura por defensivos

Soares: baixa rentabilidade da lavoura tem impedido investimentos

U

m dos desafios dos pesquisadores e sementeiros para que os agricultores usem maior percentual de sementes certificadas em suas lavouras no Rio Grande do Sul é o custo do insumo oficial, que chega a valer 50% a mais do que a semente salva ou sem procedência vendida no mercado paralelo. Ainda assim, representa de 1,5% a 2% do custo da lavoura. Gustavo Campos Soares, engenheiro agrônomo que chefia a seção de produção de sementes da estação Experimental do Arroz do Irga, em Cachoeirinha (RS), entende que a baixa rentabilidade nas últimas temporadas atrapalha uma elevação maior nos investimentos neste insumo básico. “O produtor faz de tudo para cortar desembolso e os custos até o nível dos recursos de que dispõe na formação de sua lavoura. Mas, ao optar por material genético mais barato, de bol12

Áreas com sementes convencionais e Clearfield (%) Safra

Convencional

Clearfield

w 2016/17.............................................. 22,6.....................................................77,4 w 2017/18.............................................. 17,3.....................................................82,7 Fonte: SPS/EEA/Irga

sa branca, não certificado ou até mesmo salvo ou o próprio grão de uma safra para outra, em geral, aumenta seu custo no combate a invasoras, perda de produtividade, reduz a capacidade de germinação, entre outros fatores que influenciam no resultado da safra”, alerta. Para o especialista, todo o agricultor quer usar o melhor insumo em suas lavouras, mas muitas vezes precisa ater-se à realidade dos recursos financeiros disponíveis. No Brasil, a média de uso de sementes certificadas gira entre 50% e

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60%, segundo estimativas extraoficiais. No sul catarinense o percentual chega a 92%, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). No Rio Grande do Sul, a densidade média de semeadura é de 90 quilos por hectare e a área cultivada na safra 2017/18 beirou 1,08 milhão de hectares. Cerca de 25% das sementes certificadas pelo Irga seguem para outros estados brasileiros – como Tocantins, Santa Catarina e Maranhão –, e países como Argentina e Paraguai.


SEMENTES

Qualidade é o “x” da questão

Pureza genética, sanitária, fisiológica e qualidade física definem padrão do material

Q

uatro são os fatores que determinam a qualificação da semente: pureza genética, sanitária, fisiológica e qualidade física. São fatores muito importantes porque hoje um dos maiores problemas da orizicultura brasileira é o surgimento de ervas daninhas resistentes a herbicidas. Gustavo Campos Soares, engenheiro agrônomo que chefia a seção de produção de sementes do Irga, na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha (RS), afirma que as sementes que apresentam alta qualidade proporcionam a máxima expressão das qualidades fisiológica e sanitária da variedade produzida, além da pureza física e genética do material. A pureza genética diz respeito à manutenção das características da variedade desenvolvida pelos melhoristas através do controle de gerações das categorias genética, básica, C1 e C2. Já a pureza física está relacionada principalmente à ausência de sementes nocivas e de outras espécies cultivadas, em especial o arroz vermelho. Existem diversos genótipos de arroz daninho oriundos do cruzamento com cultivares comerciais, resultando em plantas e grãos com características muito semelhantes às variedades semeadas e que por vezes são resistentes aos herbicidas que controlam a invasora. A qualidade sanitária se refere à ausência de patógenos que podem comprometer a qualidade fisiológica, relacionada à germinação e ao vigor. Lavouras com sementes puras e sadias apresentam um melhor estabelecimento, proporcionando a planta de arroz uma vantagem competitiva em relação às plantas invasoras, além de o manejo da cultura ser beneficiado devido à uniformidade da lavoura, onde as etapas de aplicação de nitrogênio em cobertura e entrada de água são facilitadas. SUCESSO O sucesso na realização dessas etapas contribui significativamente para o resultado final da lavoura. Há

Produção requer cuidados especiais

IMPORTANTE O Instituto Rio Grandense do Arroz, desde o ano de 2002, é uma entidade certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) nº RS-0096/2005, para realizar a certificação de sementes de arroz no estado do Rio Grande do Sul.

Sementes certificadas por safra (T) w Safra 2013/14 w Ton

57.238

2014/15 64.537

2015/16 2016/17 67.633

64.152

Fonte: SPS/EEA/Irga

estudos que mostram que sementes certificadas produziram 11% mais do que sementes próprias dos agricultores, ocasionado pelo crescimento inicial uniforme em decorrência da quali-

dade fisiológica e sanitária do material genético. Também se constatou que quanto maior o uso de sementes certificadas, maior a produtividade ao longo dos anos.

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ABERTURA DA COLHEITA

Para abrir horizontes

A 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz tem suporte e tecnologias do Irga

D

epois de receber em sua Estação Experimental, em Cachoeirinha (RS) por duas vezes seguidas a Abertura Oficial da Colheita do Arroz em 2017 e 2018, o Irga será um dos pilares da 29ª edição do evento promovido pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) em Capão do Leão, na zona sul gaúcha. O ponto máximo do calendário setorial arrozeiro acontecerá entre os dias 20 e 22 de fevereiro de 2019, na área da Estação de Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, junto à Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O tema será a diversificação: “atividade diversificada, renda ampliada”. Alexandre Azevedo Velho explica que a escolha da zona sul para sediar a abertura da colheita está associada ao momento que vive a região, com a referência de preços do arroz no estado, a concentração de grande polo industrial arrozeiro, com o porto que escoa mais de 90% das exportações brasileiras, tem centros de pesquisas importantes e, ainda, obtém algumas das melhores médias produtivas do mundo. “Também está entre as regiões de maior uso de rotação de culturas de arroz e soja em terras baixas e avança para o desafio da integração entre lavoura e pecuária”, destaca. André Barros Matos, gerente regional do Irga na zona sul, destaca a participação da autarquia no suporte à organização do evento e na difusão de tecnologias. “Participaremos com vitrines tecnológicas mostrando a evolução do manejo da orizicultura com ênfase na variedade Irga 431 CL, da soja em terras baixas, ensaios bioclimáticos, e manejo de eficiência com a Irga 424 RI, resistente à brusone, que têm sido um dos fatores de grande produtividade na lavoura gaúcha”, relata. Metade da área da lavoura de um hectare que abrirá simbolicamente a colheita de arroz no Brasil em 2019 é cultivada com a variedade, Irga 431 CL, que está em fase de multiplicação entre os sementeiros autorizados e entrará no mercado para a safra co14

André Barros Matos

Alta tecnologia: vitrines tecnológicas devem receber mais de cinco mil visitantes

SAIBA MAIS Tema: Matriz produtiva: atividade diversificada, renda ampliada. Data: 20 a 22 de fevereiro de 2019 Local: Embrapa Clima Temperado/Estação Experimental Terras Baixas, em Capão do Leão/RS (junto ao campus da UFPel/Faculdade de Agronomia).

mercial 2019/20. “Será uma ótima oportunidade para produtores e técnicos se familiarizarem com a nova cultivar e suas características”, enfatiza. Toda a equipe do Irga da zona sul, com cerca de 30 servidores, está participando ativamente da manutenção e preparo do local. Afora isso, o quadro de pesquisadores e técnicos do instituto participará de painéis, debates, palestras e da organização do evento e o instituto é um dos patrocinadores. VITRINES A abertura da colheita trará 16 vitrines tecnológicas voltadas para a cultura do arroz e outras 16 para a soja

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em terras baixas. Dentre as de arroz haverá apresentação de material genético desenvolvido pelo Irga e Embrapa e outras instituições. Algumas vitrines terão espaço para a difusão do manejo de pastagens de inverno em sucessão à soja e arroz para promover a integração entre lavoura e pecuária. Os visitantes encontrarão informações sobre temáticas bem diversificadas, como manejo de pragas, insumos, qualidade de sementes, variedades, fertilidade do solo, rotação de culturas, dentre outros aspectos importantes aos cultivos em terras baixas, em especial visando o sistema de produção de arroz.


ABERTURA DA COLHEITA

Ponto referencial

Zona Sul concentra altas produtividades, integração, parques industriais e exportação

A

zona sul gaúcha experimentou nos últimos 10, 12 anos um avanço que a colocou em novo patamar de produtividade, com médias de até 8,2 toneladas de arroz colhidas por hectare. E tornou-se referência na rotação de culturas, na integração entre lavoura e pecuária, nas tecnologias aplicadas. A Abertura da Colheita do Arroz na região permitirá aos produtores de outras regiões conhecerem alguns dos casos e fatores de sucesso da Zona Sul. André Barros Matos, coordenador regional do Irga, lembra que de 15 a 20 anos atrás a região tinha uma das menores produtividades médias no Rio Grande do Sul. Segundo ele, nos últimos quatro anos a região alcançou o maior rendimento por área, resultado de uma guinada na aplicação das tecnologias e manejos preconizados pela pesquisa e também pela extensão do Irga, como o formato do Projeto 10 (depois 10+). Entre as mudanças radicais está o avanço do plantio na época recomendada. Antes, esta era uma das regiões mais atrasadas no plantio, mas hoje boa parte dos rizicultores planta entre o final de outubro e a primeira quinzena de novembro, com alto percentual de sementes certificadas e uso de pré-emergentes no controle de invasoras, manejo adequado da água, entre outros fatores. Este avanço foi favorecido pelo alto índice de uso da rotação com soja e a integração entre lavoura e pecuária. “Plantar na resteva da soja favorece a semeadura da safra subsequente”, frisa. A fertilização também foi um fator importante para este novo cenário, bem como a disponibilidade hídrica. A Zona Sul tem muitas áreas irrigadas por lagoas, o que reduz os problemas de alagamentos e enchentes das beiras de rio, como ocorre na região central, e também com deficiência hídrica, como é o caso da fronteira oeste. Por outro lado, eventualmente há problemas com a salinidade e a interferência das baixas temperaturas em fases críticas. Os maiores preços, segundo Matos, são determinados pela maior concorrência entre as tradings exportadoras e os dois polos industriais de Pelotas e Camaquã pelo arroz da região, já que a demanda é muito maior do que a produção regional. “Além disso, a soja entrou no portfólio de negócios dos arrozeiros, o que, em alguns casos, permite evitar a oferta de arroz logo após a safra”, reconhece.

Abertura simbólica: Rio Grande do Sul abre a safra brasileira do arroz

O Irga na abertura

1

Ensaios bioclimáticos: mostram como as variedades de arroz e de soja se comportam semeadas em distintas épocas e com o mesmo manejo durante todo o ciclo. No caso da soja haverá ensaios com e sem irrigação. A meta é determinar a melhor época de plantio de cada variedade, em cada região específica, para que o produtor possa buscar o máximo do potencial produtivo.

2

Manejo: haverá ensaios com práticas de condução do manejo preconizado pelo Projeto 10+ associadas ao uso da variedade IRGA 431 CL, que entrará em cultivo comercial na safra 2019/20.

3

Fertilização: serão apresentadas vitrines com curvas de adubação nitrogenada, espelhando o que tem sido feito em todas as subestações do Irga, visando expandir os conhecimentos no que tange à adubação nitrogenada em arroz.

4

Vitrines com manejo para altas produtividades com a variedade IRGA 424 RI, buscando o uso de forma mais racional e eficiente dos insumos. Estes ensaios buscam, além de desafiar o teto produtivo e a potencialidade das cultivares, atingir a sustentabilidade produtiva, econômica e ambiental.

5 6 7

Nova cultivar: a IRGA 431 CL ocupará 50% da lavoura de abertura da safra.

Roteiros técnicos e visitação: funcionários do Irga darão apoio às excursões em visitação guiada.

Patrocínio, apoio à implantação e manutenção das lavouras e vitrines e participação dos técnicos na organização, na programação oficial e em palestras, debates, etc...

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Apoio e mobilização para as excursões ao evento por parte de arrozeiros de todo o RS. Fonte: Irga Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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SAFRA

Ajuste fino

Com dificuldades de obter renda, área gaúcha cai na safra 2018/19

A

safra gaúcha de arroz desta temporada 2018/19 será de 6% a 6,5% menor do que no ciclo passado, somando perto de 1,010 milhão de hectares. A redução ficará entre 71 e 67 mil hectares, num dos mais profundos cortes já realizados pelos orizicultores gaúchos em décadas. Os números também confirmam a exatidão dos critérios adotados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na sua pesquisa de intenção de plantio, divulgada em agosto, que indicava 1,007 milhão de hectares de superfície semeada para este ciclo. Clima e melhores preços obtidos ajudaram a motivar produtores da zona sul, que em alguns municípios superaram em mais de 1% a estimativa inicial de superfície semeada. A recuperação de mananciais na fronteira oeste também fez com que alguns orizicultores plantassem mais do que previam em agosto. Confirmada essa área, a margem

de erro da pesquisa do Irga fica abaixo de 0,5%. Boa parte do terreno sem arroz será destinado à cultura da soja em terras baixas, elevando a proporção das lavouras em rotação para limpeza do banco de sementes de invasoras. A expectativa de baixos preços, a competição com o arroz importado e os altos custos têm feito os produtores gaúchos abrirem mão de algumas áreas. A pecuária será inserida em outra parte da superfície. “Os produtores estão buscando uma saída para ajustarem a oferta e garantirem preços mais equilibrados, ao mesmo tempo em que usam a soja como alternativa agrônomica e de renda”, destaca o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer. Levantamento preliminar do Irga indica preços de fertilizantes, defensivos, transportes, energia e combustíveis até 30% maiores na época da tomada de decisão dos arrozeiros. É inegável que

esta lavoura foi formada com um dólar em patamares mais altos e que há uma projeção de comercialização com o dólar mais baixo. De qualquer maneira, a expectativa, sob o cenário da virada do ano, é de que 2019 deve registrar preços mais estáveis, menores oscilações, por causa da menor oferta do grão, seja pela redução na colheita brasileira, seja pela retração dos estoques graças às boas exportações. Em termos de produção, no entanto, é muito cedo para fazer qualquer afirmação. Há uma expectativa de El Niño neste verão, o que pode impactar os resultados da colheita. Para Fischer, depois que 95% da área foi plantada em novembro, e com base no alto nível tecnológico das lavouras gaúchas, a tendência é muito boa em termos produtivos, mas os fatores climáticos podem interferir. “O clima, agora, é quem definirá quanto vamos produzir”, registra.

NO DETALHE

Evolução das safras de arroz no Rio Grande do Sul Safra

Área plantada (ha)

Produção (t)

Produtividade (kg/ha)

2008/09......................................1.105.728................................................ 8.047.897.........................................................7.281 2009/10......................................1.088.727................................................ 6.798.591.........................................................6.454 2010/11......................................1.170.338................................................ 8.953.598.........................................................7.675 2011/12......................................1.045.336 ............................................... 7.672.809 ........................................................7.439 2012/13......................................1.078.833 ............................................... 8.069.903 ........................................................7.497 2013/14 .....................................1.120.112 ............................................... 8.116.669 ........................................................7.251 2014/15 .....................................1.125.782 ............................................... 8.719.449 ........................................................7.780 2015/16 .....................................1.084.884 ............................................... 7.299.462 ........................................................6.928 2016/17 .....................................1.106.527 ............................................... 8.746.825 ........................................................7.908 2017/18......................................1.077.959................................................ 8.474.392.........................................................7.949 Fonte: Irga 16

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SAFRA

Radiação produtiva Clima em fevereiro e março salvou a produtividade da safra 2017/18

D

epois de começar a safra com grande atraso na semeadura por causa das chuvas e inundações de setembro e outubro de 2017, a demora na emergência das plantas em algumas microrregiões por causa de estiagens e o frio noturno, o clima surpreendeu após o Carnaval e a safra 2017/18 acabou com uma das maiores produtividades e produções da história gaúcha: 7.949 quilos por hectare e 8.474.392 de toneladas colhidas. “O nível de radiação solar em fevereiro e março de 2018 foi surpreendente e, pelo atraso do plantio, coincidiu com a época ideal do ciclo das plantas. Isso fez a diferença”, revela o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz, Maurício Miguel Fischer. O Rio Grande do Sul colheu 1.066.119 hectares de arroz na temporada 2017/18, equivalente a 98,87% dos 1.077.959 hectares plantados. A área de perdas correspondeu a 11.840 hectares, ou 1,1%, por danos de estiagem, inundações e granizo, entre outros fatores. A área plantada foi 280 hectares menor do previa a pesquisa de intenção de plantio em agosto de 2017. CLIMA Mas, o clima foi preponderante para justificar a grande colheita. Com um elevado número de dias com chuva em setembro e outubro, a semeadura atrasou, em especial na Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul que costumam plantar cedo. Na primeira semana de outubro, apenas 6% das áreas estavam semeadas contra 36% na safra anterior. Os 50% da área foram alcançados entre cinco e 10 de novembro, enquanto em 2016/2017 foi atingido um mês antes. Em dezembro e janeiro o clima foi favorável, exceto pela radiação abaixo da média nas regiões Central, Campanha e Fronteira Oeste, e microrregiões em que faltou chuva e exigiu banhos para a germinação. A partir de janeiro, exceto por uma semana de baixas temperaturas no Carnaval, o clima foi perfeito na maior parte das regiões.

Curiosidades da safra 2017/18 • Houve aumento da superfície de cultivo sem revolvimento do solo para semeadura direta (cultivo mínimo e plantio direto) de

62% para 65,8%;

• A redução de custos faz o arrozeiro buscar colher ao menos parte da lavoura no

seco;

• O sistema convencional caiu de

29% para 24,1% da lavoura gaúcha;

• O cultivo pré germinado se mantém com participação de • O preparo antecipado do solo saltou para da área cultivada; •

10% na área;

612.206 hectares, ou 56,8%

215.006 hectares semeados em sucessão à cultura da soja.

• A campanha se destacou com preparo antecipado em superfície semeada;

73,9% da

• A Campanha também teve a maior área de semeadura sobre resteva de soja:

53,9%.

Fonte: relatório final da safra 2017/18 - Irga

Números finais da safra 2017/18 Região

Área Colhida (ha)

Produtividade (kg/ha)

Produção (t)

Fronteira Oeste

314.660

8.661

2.725.266

Campanha

161.843

7.857

1.271.661

Central

142.937

7.740

1.106.378

Planície Costeira Interna

142.537

7.354

1.048.217

Planície Costeira Externa 131.025

6.897

903.625

Zona Sul

173.107

8.199

1.419.246

Total RS

1.066.109

7.949

8.474.392 Fonte: Irga

Com a alta capacidade responsiva e reprodutiva das plantas, como a variedade IRGA 424 RI, bem como o nível tecnológico da orizicultura gaúcha, as lavouras deram resposta produzindo grãos. O rendimento por hectare de todas as épocas de semeadura foram

superiores à média das últimas quatro safras. Destaca-se, a produtividade média obtida nas lavouras semeadas em novembro de 2017, 900 Kg/ha superior as plantadas antes, também refletindo ótimas condições de clima em fevereiro e março de 2018.

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ARTIGO TÉCNICO

Prognóstico climático para o período dezembro-fevereiro Jossana Cera - Meteorologista

D

e modo geral, as chuvas aconteceram de forma intercalada, com períodos mais chuvosos e períodos mais secos em dezembro, ou seja, a primeira quinzena do mês foi seca e a segunda quinzena de mais dias com chuvas, mesmo que venham a acontecer de forma isolada. Agora, com a chegada do verão, passaremos a observar as chuvas de verão, ou seja, pancadas de chuva localizadas e passageiras. Os mapas mostram a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração, ou seja, é uma forma de avaliação indireta da disponibilidade hídrica em um local. Esta relação nos mostra o saldo entre precipitação pluviométrica e evapotranspiração potencial, sem considerar o armazenamento de água nos solos e nos ajuda a identificar regiões de acordo com padrões de regime hídrico, o qual influência na distribuição geográfica natural das espécies e no calendário agrícola. Grosso modo, interpretamos que os meses de dezembro e janeiro são críticos na metade Sul do Rio Grande do Sul, pois mesmo que as chuvas fiquem dentro do normal, a evapotranspiração é, na média, maior, e com isso o saldo fica negativo. Assim sendo, nesses meses seria necessário que chovesse sempre acima do normal, para que as plantas não sofressem estresse hídrico e assim manteriam seu potencial produtivo.

Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas

Viemos observando o aquecimento no Oceano Pacífico Equatorial já há alguns meses, porém, está demorando para que o El Niño se estabeleça. Isso porque o fenômeno El Niño-Oscilação Sul precisa acoplar mudanças nas componentes oceânicas e atmosféricas (pressão e ventos), o que está demorando a acontecer (e talvez nem aconteça!). Com isso, continuamos 18

Mapa da Normal Climatológica (A), precipitação acumulada (B) e anomalia de precipitação (C) para o mês de Novembro de 2018. As escalas de cores indicam o acumulado de precipitação em mm (A,B) e anomalia de precipitação (C), também em mm, onde valores positivos (azul) indicam precipitação acima da média e valores negativos (laranja) indicam precipitação abaixo da média - Fonte: INMET e CPTEC/INPE

sob a condição Neutra, embora tenhamos nuances de aquecimento. A região do Niño3.4 registrou o primeiro trimestre com anomalia de +0,7°C, acima do limiar para El Niño. O problema é que o aquecimento do Oceano Pacífico não é uniforme, principalmente na região do Niño1+2 (próximo à costa do Peru), que ora está mais aquecido, ora mais frio. Isso explica também o porquê de estarmos tendo momentos chuvosos, intercalados de momentos mais secos no Rio Grande do Sul. As águas subsuperficiais, ou seja, abaixo do nível da superfície do Pacífico também têm se mantido aquecidas, que é o que está suportando o aquecimento em superfície. Contudo, é difícil dizer se o El Niño irá, de fato, acontecer. E é difícil dizer exatamente qual será o comportamento das chuvas, já que o aquecimento que está em curso se parece um pouco com o El Niño clássico (que traz chuvas para o RS) e um pouco com o El Niño Modoki (que traz chuvas abaixo da média para o RS). O retângulo na Imagem 3 mostra a região do Niño3.4, região que os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (índice que define eventos de El Niño e La Niña).A

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área marcada pelo círculo, no Oceano Atlântico Sul, mostra que a região está com temperaturas dentro do normal. Lembrando que nos últimos meses essa região vinha se mantendo mais aquecida. O aquecimento nesta região confere uma condição de maior temperatura e umidade do ar, o que favorece as chuvas, principalmente na metade Leste do Rio Grande do Sul. Para dezembro, se espera que o aquecimento continue, de forma lenta e alternando o aquecimento com resfriamento na região 1+2. Se essa situação continuar, espera-se que as chuvas aconteçam de forma intercalada. No entanto, durante o verão, o produtor deve ter mais atenção, já que como as temperaturas são mais elevadas, a evapotranspiração também aumenta e, com isso, as plantas demandarão mais água. Outro ponto a ser levado em consideração são as formas das chuvas, que tendem a ser mais isoladas e passageiras, o que pode ocasionar alguma estiagem localizada e não duradoura. Isso é o que chamamos de variabilidade da precipitação. Mesmo com toda essa variação nas chuvas, não se pode descartar o risco de chuvas intensas, com ocorrência de enchentes e alagamentos, em momentos pontuais.


ARTIGO TÉCNICO

Previsão para a precipitação nos próximos três meses A previsão de probabilidades do IRI (International Research Institute for Climate and Society, da Universidade de Columbia-EUA) mostra que as chuvas devem ficar acima da média na metade Sul do Estado no trimestre DJF. Os modelos climáticos dos centros brasileiros de meteorologia (INMET e CPTEC) têm mostrado, para o trimestre DJF que partes do estado devem ter chuvas acima e partes abaixo da média. O modelo do INMET/UFPel prevê chuvas acima da média para dezembro (Imagem 4B), em todo o Rio Grande do Sul. Contudo, durante à primeira quinzena choveu muito pouco ou nada, dependendo da região e, por isso, talvez a previsão de chuvas acima da média não se concretize em todas as regiões, contrariando a previsão mostrada no mapa. Mas as regiões da Campanha e Oeste são as que ficarão com os maiores volumes de chuva neste mês. Janeiro e fevereiro devem registrar chuvas dentro da normalidade, exceto do Sul e faixa litorânea, que devem apresentar chuvas um pouco acima do normal (Imagem 4 D,G). Voltando a salientar que janeiro e fevereiro podem ficar com chuvas abaixo da média em algumas regiões, porém é difícil dizer quais regiões, devido à grande variabilidade na precipitação. De forma geral, as temperaturas, tanto as mínimas quanto as máximas, devem ficar entre o normal e um pouco acima do normal, embora que nos primeiros dias de dezembro tenham ficado bem abaixo da média. Até o dia 13/12, a temperatura mínima ficou entre 1 e 4 °C abaixo da média em todo o Estado e a temperatura máxima ficou entre 1 e 3 °C abaixo da média na metade Oeste.

Imagem 4: Normal Climatológica (A, C,E), anomalia de precipitação INMET/UFPel (B, D, G) para os meses de Dezembro de 2018 e Janeiro e Fevereiro de 2019, respectivamente, para o Rio Grande do Sul - Fonte: Adaptado de CPPMet-UFPel/INMET

Imagem 3: Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar no mês de Novembro de 2018. Fonte: Adaptado de CPTEC

RESUMO PARA OS PRÓXIMOS MESES: w Dezembro: A segunda quinzena será marcada pela instabilidade atmosférica, ou seja, teremos muitos dias com chuva ou nublados e temperaturas mais altas. Existe o risco para enchentes em áreas próximas a rios. w Janeiro e Fevereiro: Deverão registrar chuvas dentro do normal ou um pouco abaixo em grande parte do estado. No Sul, as chuvas devem ficar entre a média ou pouco acima da média. Para fevereiro segue a mesma situação, porém fevereiro poderá ter um pouco mais de chuvas na faixa litorânea do Rio Grande do Sul. w Março/Abril: Tudo dependerá de como os oceanos Pacífico e Atlântico se comportarão em dezembro e janeiro, mas é preciso ficar atento à chegada do Outono, estação de transição entre a estação quente e fria do ano. Neste período há intensificação das frentes frias e, com isso, poderemos ter problemas com chuvas no período da colheita. E, se o aquecimento no Pacífico persistir, ele poderá intensificar essas frentes frias.

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METEOROLOGIA

Sob nova plataforma Sistema de informações de tempo e clima no site do Irga foi modernizado

D

esde agosto último, o site do Instituto Rio Grandense do Arroz (www.irga.rs.gov.br) dispõe de nova plataforma de informações de tempo e clima. Ela foi criada para atender às inovações da própria homepage, remodelada, que ganhou mais ferramentas de interatividade. A nova plataforma é alimentada pela empresa Somar Meteorologia e o sistema é supervisionado pela meteorologista e consultora do Instituto Jossana Cera. Segundo ela, os serviços foram melhorados, como é o caso da previsão do tempo para 15 dias, ou seja, para os três primeiros dias a previsão é realizada com o modelo regional Weather Research and Forecasting (WRF), que possui resolução espacial de apenas 2,5 km e, além disso, leva em consideração as condições de solo e relevo do Rio Grande do Sul. “Este fato faz aumentar o acerto nas previsões. Já para a previsão de médio prazo, de quatro a 15 dias, é utilizado o modelo Global Forecast System (GFS), que possui resolução de aproximadamente 90 km”, explica a meteorologista. A previsão do tempo para 15 dias está separada por cores, indicando que o acerto diminui, conforme nos distanciamos da data inicial da previsão. Além do modelo em forma de tabela, existe a versão em mapas, com outras variáveis incluídas. “Dispõe20

se também de imagens de satélite, mapas agrícolas e um breve texto sobre a condição atual e tendência climática, este ainda em construção”, avisa. Jossana Cera explica que o objetivo da atualização do formato é trazer informações novas e relevantes ao orizicultor. “A previsão de radiação solar para os próximos 15 dias é útil para o produtor de arroz ver em qual ambiente o florescimento da sua lavoura está ou estará. Assim como se preparar para longos períodos com chuva, ou frio fora de época”, acrescenta. Além disso, os extensionistas e pesquisadores do Irga farão uso da plataforma AgroSomar, na qual são disponibilizadas algumas informações a mais, como o cadastro de lavouras e/ou experimentos. “No AgroSomar pode-se monitorar as condições favoráveis à ocorrência de doenças de arroz e soja e, assim, fazer os alertas necessários”, acrescenta. Com isso, o extensionista dará informações de maior qualidade aos agricultores sempre que for fazer assistência técnica rural. “Vale lembrar que as condições para ocorrência ou não de doenças são baseadas em informações meteorológicas, ou seja, não quer dizer que a doença vá ocorrer, mas sim que o clima oferece condições para que ela se desenvolva, caso haja o inóculo nos arredores”, observa.

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Previsão para 15 dias: a imagem mostra a escala de cores diferenciando a confiabilidade da previsão em alta, média e baixa

CURIOSIDADE Há uma curiosidade destacada pela meteorologista Jossana Cera a respeito das diferentes resoluções: o modelo com resolução de 90 km pode não mostrar chuva em sua previsão, no entanto, ocorre precipitação em uma propriedade de 3 km x 3 km. Mas por que isso acontece? De acordo com Jossana, por que o modelo só “enxerga” quadradinhos de 90 km x 90 km. “Por isso é normal que se diga que a previsão errou, quando, na verdade, o modelo segue um sistema de avaliação que não consegue prever chuvas tão localizadas, que são comuns durante o verão”, explica.


Para ganhar um 10+

PROJETO 10+

Projeto 10+ chega à terceira safra e quer cobrir 500 mil hectares com suas tecnologias

É

com o objetivo de interferir positivamente em cerca de metade da área orizícola do Rio Grande do Sul por meio da utilização das tecnologias preconizadas que o Projeto 10+, desenvolvido em parceria do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e o Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar), chega à sua terceira safra na temporada 2018/19. “Este é o ano de consolidação do projeto como sistema de extensão e nossa meta é atingir diretamente dois mil produtores em nossos roteiros técnicos e formar 160 lavouras demonstrativas que somam cerca de quatro mil hectares”, resume Luciano Carmona, engenheiro agrônomo responsável pelo projeto e consultor do fundo internacional de apoio à orizicultura. O programa também é acompanhado pelo consultor norte-americano Edward Pulver, do Flar, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do modelo de extensão produtor a produtor durante a Revolução Verde, e a extensão é promovida pelo quadro técnico do Irga. Os 500 mil hectares cobertos nesta temporada serão lavouras comerciais dos produtores-líderes ou arrozeiros que tenham participado dos roteiros técnicos cujas experiências resultaram em transferência das tecnologias recomendadas para o manejo das áreas de cultivo. A nova etapa seguirá aportando

Roteiros: transferência de tecnologia produtor a produtor

tecnologias e com o foco em produzir mais arroz, mas com qualidade e uso racional dos recursos naturais em busca de rentabilidade. A evolução da produtividade nas últimas cinco safras, que somam quase 10 sacas de arroz, em média, é um belo exemplo do impacto da tecnologia no sistema de produção. Carmona entende que o programa de extensão, sem falsa modéstia, tem parte dos méritos neste salto produtivo. A média de rendimento da lavoura gaúcha aumentou 95 quilos por ano nas últimas cinco safras, de 7,26 para 7,95 toneladas por hectare, números que só são superados em duas fases da orizicultura gaúcha: 120 quilos por hectare/ano na década de 1980, refletindo o impacto das tecnologias da Revolução Verde; e 228 quilos ha/a.a quando da revolução agronômica alia-

da à tecnologia Clearfield, na primeira década deste século. Athos Gadea, gerente do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) do Irga, considera que a evolução atual pode ser creditada também a fatores como a alta produtividade da variedade Irga 424 RI (também na versão convencional), o plantio do arroz na resteva da soja em sistema de rotação, o clima depois do Carnaval e, sem dúvida, o Projeto 10+, que com potentes ações de transferência de tecnologia levou conhecimento técnico a um grande número de orizicultores gaúchos. “No segundo ano, 2017/18, a equipe já tinha mais domínio do processo de transferência e os produtores estavam mais receptivos. Isso ajudou bastante”, explica.

Rendimentos das unidades demonstrativas comparadas às áreas comerciais do produtor líder, P10+, Safra 2017/18.

Regional

Unidades demonstrativas

Rendimento (t.ha-1)

N° Produtores Área (ha) P10+

Safra atual

Safras 2015/16/17

Região Central

65

1055

10.958

9.372

8.132

Pl. Cost. Externa

6

130

10.952

9.442

8.292

Pl. Cost. Interna

27

633

10.050

8.306

7.802

Fronteira Oeste

34

914

11.436

8.656

8.280

Zona Sul

11

211

9.978

9.008

8.185

Campanha

11

531

10.208

9.574

8.921

RS

157

3.474 10.600 9.058

8.237

Fonte: Projeto 10+ Dater/IRGA. Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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PROJETO 10+

Resultados não deixam dúvidas

N

a safra 2017/18, as 157 unidades demonstrativas do Projeto 10+ nas seis regiões arrozeiras gaúchas, que somaram 3.474 hectares, alcançaram rendimento médio de 10.600 kg/ ha (212 sacas). A produtividade foi 14,5% superior à média da safra comercial nos 61.885 hectares semeados na mesma temporada pelo grupo de produtores-líderes, que chegou a 9.058 quilos por hectare. As áreas demonstrativas tiveram desempenho 22,3% superior à média das safras 2015/16/17 deste mesmo grupo, que ficou em 8.237 kg/ha. A exceção é a temporada em que muitas lavouras foram afetadas pelo fenômeno climático El Niño. Luciano Carmona, consultor do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar), que coordena o Projeto 10+, enfatiza que quando comparada com a evolução nas produtividades em curto prazo (2011/14 versus 2015/18) é verificada uma acentuada diferença em nível regional. Os menores ganhos foram na região da

campanha com 42 kg/ha/ano, e os maiores na região central do estado. “Esta variação é facilmente explicada quando correlacionamos estes resultados de produtividade com as atividades do projeto como parcelas demonstrativas do Projeto 10+, número de roteiros técnicos e de produtores participantes”, aponta. Segundo Carmona, nas regiões onde o Projeto 10+ foi utilizado como a principal ferramenta de extensão, com recursos humanos e foco no sistema de transferência, os resultados foram superiores, casos da fronteira oeste e região central, com avanços de 159 e 150 kg/ha/ano, respectivamente. Para o consultor, com o empenho da atual gestão e dedicação do seu corpo técnico, o Projeto 10+ reverteu uma tendência de redução das produtividades verificada nas safras de 2011 a 2014 para incrementos na ordem de 95 kg/ha/ano nas últimas três safras, contribuindo de forma decisiva para a melhora da rentabilidade do arrozeiro gaúcho.

Ganhos em produtividade no RS entre 1980 e 2018

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Carmona: impacto do programa elevou as produtividades

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IMPORTANTE O Projeto 10+ é um programa de extensão, coordenado pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), em parceria com o Fundo Latino Americano do Arroz Irrigado (Flar) e implementado desde a safra 2015/16 no Rio Grande do Sul. Começou capacitando técnicos do Irga em ações de manejo para altas produtividades e no sistema de transferência de tecnologia ‘produtor a produtor’. Na safra 2016/17 os esforços se concentraram nas duas regiões de menores rendimentos no estado (planícies costeiras interna e externa) e na safra 2017/18 iniciaram-se atividades de capacitação para todo o corpo técnico, com validação das tecnologias propostas e do sistema de extensão nas demais regiões.


Na essência da extensão

PROJETO 10+

Modelo produtor a produtor favorece a transferência de conhecimentos

A

estratégia do Projeto 10+ consiste em produzir um diagnóstico da situação tecnológica nas regiões e microrregiões arrozeiras identificando os fundamentos de manejo que devem ser abordados e realizar o planejamento das parcelas demonstrativas com manejo para altas produtividades comparativas

ao manejo tradicional do produtor. A proposta é motivar a troca de experiências entre os arrozeiros, selecionando produtores líderes em diferentes regiões estratégicas e com estes são desenvolvidas atividades de transferência de tecnologia. Eles atuarão como propagadores destas práticas para grupos de

influência. As inovações tecnológicas propostas são simples e de fácil adaptação. A dificuldade, pontua Luciano Carmona, é quebrar algumas das resistências culturais dos rizicultores, mas o nível de receptividade e assimilação das tecnologias cresce a cada novo roteiro com o impacto dos resultados.

Mandamentos do Projeto 10+ 1- PLANEJAMENTO DA LAVOURA w Garante eficiência dos processos de manejo w Identifica os limitantes e define os planos de ação w Define o sistema de produção e estratégias de manejo

5- DENSIDADE w Garante população adequada para altos rendimentos w Densidades de 70-100 Kg/ha, buscando populações de 150-220 plantas/m² w Calibração da semeadora

2- PREPARO ANTECIPADO w Garante época adequada de semeadura

6- ADUBAÇÃO w Baseada na análise de solo w Calibrada conforme a cultivar utilizada, época de semeadura e histórico da área

3- ÉPOCA DE SEMEADURA w Assegura a maior oferta ambiental 4- SEMENTE CERTIFICADA w Dá segurança ao potencial produtivo w Escolha da cultivar e proteção com tratamento de sementes

8- ADUBAÇÃO DE COBERTURA w Em condições ideais que a maior parte da dose seja aplicada em solo seco entre os estádios V3-V4 com irrigação imediata 9- MANEJO DA IRRIGAÇÃO w Assegura eficácia dos processos de manejo 10- MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS E PRAGAS

7- CONTROLE PLANTAS DANINHAS w Baseado em rotação de princípios ativos, histórico da área e produtos registrados

w

Baseado no uso de cultivares resistentes a doenças, histórico da área, monitoramento e nível de dano econômico.

Fonte: Irga/Flar

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PROJETO 10+

Desafios entre o piso e o teto

Quem tem baixa produtividade quer elevar, mas quem está no topo também precisa

C

ada lavoura e região arrozeira do Rio Grande do Sul dispõe de cenários desafiadores para elevar a produtividade com base nas práticas recomendadas no Projeto 10+. Em alguns casos, os produtores ainda patinam em resultados abaixo da média produtiva do estado e não costumam participar de eventos técnicos. Estes são os que mais preocupam. De outro lado há produtores que já forçam o teto produtivo e seguem demandando tecnologias para superar limitações e elevar produções e renda. O engenheiro agrônomo Pablo Mazzuco de Souza, responsável pelo Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Agudo, na região central, destaca que sua equipe Nate tem estes dois desafios de forma muito clara. Na área que lhe compete, cobrindo Agudo, Dona Francisca, Paraíso do Sul e Nova Palma, há um contingente superior a 500 rizicultores para atender, o que seria impossível individualmente, já que conta com apenas dois técnicos agrícolas, Cássio Wilhelm e Giovani Wrasse no apoio, e recentemente a agrônoma Débora Mostardeiros. Pelo método de transferência de tecnologia do Projeto 10+, porém, na temporada passada o núcleo realizou 14 roteiros técnicos em fases importantes das lavouras. Com isso alcançou perto de 200 produtores (40% do total), que correspondem a sete mil hectares. “O modelo é eficiente, pois ao mesmo tempo propaga conhecimentos que serão multiplicados pelo grupo e gera tempo para o atendimento mais direto naquelas demandas pontuais que surgem”, enfatiza. Para a atual temporada a meta é maior. Para Souza, o impacto do projeto na região foi muito positivo, principalmente ao resgatar técnicas de agronomia que perdiam espaço no campo. “Os produtores têm usado os recursos e técnicas com mais eficácia, fazendo as operações de forma simples e bem feitas”, frisa. Ele destaca o avanço de um manejo que ajuda a economizar no preparo do solo e gastar menos diesel, como é o caso da colheita com solo seco, uso de cultivo mínimo, antecipando a irrigação, e assim obtendo mais eficiência no controle das ervas invasoras. “Também há ganho colocando mais nitrogênio na hora em que a planta precisa, no 24

Souza, Jair Buske, Wilhelm e Wrasse: roteiros para difundir tecnologias

inicio do seu desenvolvimento, quando se define 90% do potencial produtivo”, acrescenta. O coordenador do Nate de Agudo informa que na safra passada a sua região de atuação teve produtividades de 8.900 quilos por hectare (Agudo) e 9.300kg/ha (Dona Francisca), mas sempre há um ajuste fino para tornar o rizicultor mais eficiente. “As respostas vão variar de ano para ano”, reconhece. O grande desafio da equipe agora é alcançar aqueles arrozeiros que têm médias mais baixas e não participam de roteiros técnicos, dias de campos ou palestras. “O projeto identifica que a média dos produtores que participam das atividades de transferência de tecnologia é quase três toneladas maior, por hectare, do que a daqueles que não se integram ao modelo de extensão. Isso nos dá muita confiança de que estamos no caminho certo e devemos, nesta safra, focar mais nesses agricultores, entender por que são tão reticentes quanto às mudanças e tentar ajuda-los neste sentido”, resume. MANEJO O engenheiro agrônomo Ivo Mello, coordenador regional do Irga na fronteira oeste, frisa que os projetos CFC, 10 e 10+ fazem parte de uma estratégia do instituto, em conjunto com o Flar, que no início deste século trabalhou forte a transferência de tecnologia para

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o agricultor gaúcho. Na fronteira oeste, em especial, tais iniciativas foram e são importantíssimas para um incremento gradual da produtividade orizícola por meios de metodologias de extensão que desafiam os agricultores a fazerem uma gestão focada em sua lavoura, contribuindo, desta forma, para melhorar os resultados de safra. “A tecnologia de como produzir 10 toneladas por hectare ou mais estava disponível, mas o pessoal não se atentava a pequenos detalhes como semear na melhor janela de clima para a planta aproveitar a melhor oferta ambiental na fase reprodutiva e colocar água nas fases iniciais de desenvolvimento (três a quatro folhas)”, exemplifica Mello. Lembra que também é recomendada uma adubação mais equilibrada e calculada para fornecer nutrientes em quantidade suficiente com a meta de alcançar as 10 t/ha, mas esta ação isolada, sem observar as duas primeiras: plantio na época certa e entrada da água nos estágios iniciais de desenvolvimento das plantas, não garante a alta produtividade. “Estas ações utilizam metodologias de extensão, ou seja, fazem com que as técnicas desenvolvidas nos centros de pesquisas cheguem ao produtor, comunicando métodos de simples adoção para incrementar o rendimento das lavouras e o uso racional dos recursos, o que é importante num setor que busca e precisa muito alcançar renda”, destaca.


Sem limites para crescer

PROJETO 10+

Rizicultores buscam agregar técnicas e manejo de alta produtividade em busca de renda

U

m produtor que se destaca pela excelência de manejo e a busca de resultados é Jair Buske, da Picada do Rio, em Agudo (RS). Ele aderiu ao Projeto 10+ desde o início e afirma que obteve ótimos resultados no campo e no comparativo com as técnicas que utiliza. Buske é diferenciado, inquieto na busca de maneiras de fazer com que as cultivares expressem o maior resultado produtivo possível. Ao mesmo tempo é preocupado com as condições do solo que cultiva e recebe arroz em repetição há quase um século e, também por isso, tem enorme banco de sementes invasoras, boa parte resistente a herbicidas. Nestas áreas, ele revela que a rotação com soja tem sido o melhor remédio. “Dois anos de soja numa área praticamente zera invasoras e o banco superficial de sementes, isso favorece o manejo do arroz e aumenta a produtividade em até 20%”, afirma. Para Buske, vários fatores ajudam neste

resultado, como a estrutura física do solo, pois a área estava sem ambiente de inundação por mais de um ano, os benefícios nutricionais que a oleaginosa agrega ao solo, oportunidade de fazer um manejo ideal, pois a área estava preparada em abril de 2017, e pela diminuição de custos de preparo. Na área do Projeto 10+, Jair Buske fez média de 12,4 toneladas. Mas, o melhor resultado veio na aplicação das práticas em plantio direto de arroz sobre a resteva da soja: 14,4 toneladas/ ha. Em ambos os casos as áreas eram pequenas. Na média da área comercial de 100 hectares ele colheu 10 toneladas/ha, número que está dentro de seus padrões nos últimos anos. “Pensando no conceito de melhorar o rendimento produtivo e reduzir os custos, o plantio direto seguindo a colheita no seco ou na resteva da soja, será boa alternativa por dispensar o preparo, o que reduz gastos com manutenção de máquinas, combustíveis e mão de

obra”, pontua. Ele reconhece que nem em todos os pisos ou temporadas é possível colher no seco, mas onde e sempre que for possível é ótima opção. “Ao menos em parte da lavoura”. Fora das áreas destinadas ao Projeto 10+, as produtividades de Buske foram semelhantes. “Faço um manejo muito similar e, em alguns quadros até mais intenso, já que tenho infestação por arroz vermelho resistente em parte da lavoura. Me antecipo baixando a soca logo após a colheita para não permitir rebrote”, explica. Pretende, sempre que possível, ampliar o plantio de soja para limpar as áreas, agregar as vantagens econômicas e agronômicas e reduzir custos. Na temporada 2017/18 a soja deu algum lucro pela valorização no mercado, pois Buske reconhece que errou na escolha da cultivar e teve problemas com a drenagem. “Ainda assim, sei que vou ganhar em produtividade na próxima safra de arroz”.

Entre soja e arroz, produtores querem mesmo é recuperar a renda No município de São Gabriel, a Formosa Agropecuária é uma das propriedades referenciais em produção agrícola que envolve soja, arroz e sementes. O diretor de produção, Alberto Giuliani Neto, revela que aderiu ao Projeto 10+ na busca do equilíbrio entre a máxima produtividade e a redução de custo do hectare, uma equação perseguida pelos produtores de ponta. “A agropecuária vive de resultados”, abrevia. Dentre as vantagens do programa, Giuliani destaca que a aproximação das instituições de pesquisa e extensão faz muita diferença neste sentido. “É importante a troca de experiências com as entidades e com produtores de ponta, eliminando assim os gargalos do sistema produtivo”, comenta. Utilizando as sementes Irga 424 RI e Guri Inta CL, a propriedade colheu 245,47 sacas de arroz por hectare na temporada 2017/18, ou 12.273,5 quilos, na área destinada ao Projeto 10+ na safra 2017/18. A extensão em 2018/19 será ampliada para 840 hectares com as tecnologias preconizadas pelo programa de alta produtividade, ou seja, a totalidade da lavou-

Sérgio Augusto e Alberto Giuliani: questão de resultados

ra comercial da Formosa. A rotação de soja com arroz é uma das armas usadas pela propriedade em busca dos melhores resultados. Na soja, se destaca os investimentos em sistemas de drenagem e irrigação que têm sido aperfeiçoados a cada safra. Para otimizar os resultados, Alber-

to Giuliani Neto destaca que é preciso melhorar a plantabilidade das lavouras. “Eliminar falhas nas entrelinhas e diminuir perdas de colheita nas máquinas, pois devido ao grande volume colhido, se observa uma sobrecarga do sistema de trilha e, por consequência, perda de grãos”, finaliza o rizicultor.

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PROJETO 10+

Nos pequenos detalhes Em São Borja o projeto mudou a atitude dos rizicultores e a realidade das lavouras

P

arceiro de longa data e ex-conselheiro do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) por São Borja, na fronteira oeste, o rizicultor Jones Dalla Porta entende que o Projeto 10+ ganha ainda mais importância diante da necessidade do setor em reduzir custos e buscar rentabilidade. “Diante do atual cenário da orizicultura gaúcha, é vital que consigamos produzir mais por área e diminuir ou manter o nível de investimento na lavoura”, revela. Para Dalla Porta, o ponto forte do programa é a simplicidade e objetividade. “A proposta muda a atitude sobre o manejo, fortalece a necessidade de fazer as operações certas na hora certa e buscar a melhor resposta da planta e do ambiente”, justifica. Outro diferencial é a recomendação do uso de nitrogênio (N) no seco e a redução da densidade de semeadura, além de adubar em volumes equivalentes à produção que se pretende colher. “Um conjunto de práticas e técnicas

que apresentou um resultado extraordinário na primeira etapa”, comenta. Jones Dalla Porta utiliza esse manejo em todos os seus 1.100 hectares e já aplicava os ensinamentos desde a primeira etapa do programa, no início dos anos 2000, o suficiente para lembrar que os ajustes levaram a elevação de mais de duas toneladas na média de rendimento por área do Rio Grande do Sul. Enfatiza, porém, que até que as lavouras chegassem a este resultado, foi necessário muito aprendizado e treinamento para produtores e capacitação das suas equipes de colaboradores. Entende como desafio do setor para buscar renda, além da evolução do manejo, a chegada de novas variedades mais produtivas e de melhor qualidade de grão às lavouras. “Isso nós esperamos do Irga, cultivares que ajudem a agregar valor à lavoura e se somem a este avanço de produtividade com grãos de qualidade ainda maior”.

Dalla Porta: aprendizado e treinamento

Ajuste na época do plantio foi um dos avanços do projeto na Fronteira Oeste

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A conta que fecha

PROJETO 10+ Nitrogênio no seco: um dos segredos da produtividade

P

ara o engenheiro agrônomo e produtor Eduardo Müller, que produz arroz e soja juntamente com seu pai, Verner Müller, em Agudo e São Vicente do Sul, a equação que resulta em menores custos e maior média produtiva é um dos principais atrativos do Projeto 10+. “O programa busca corrigir detalhes do manejo que as vezes não são percebidos pelos agricultores para alcançar melhores produtividades. Uma das lições importantes é a de que nem sempre é preciso investir em quantidade de insumos para obter rendimento superior, mas acertar práticas de condução da lavoura”, resume. Exemplo é o volume de fungicida e herbicida que as lavouras estavam usando há algumas temporadas, em alguns casos para “prevenir” brusone em cultivar resistente, o que os técnicos do P10+ consideram que era jogar dinheiro fora. “O recomendado é fazer a aplicação apenas em casos de necessidade e buscar manejo agronômico que permita à cultivar expressar o máximo de seu potencial”. Na temporada 2017/18 a família Müller colheu cerca de 11 toneladas por hectare na área do projeto, ou 220 sacas. Já na área comercial o resultado foi ainda melhor, em especial na resteva da soja, onde o rendimento por hectare beirou 280 sacas. A área comercial, em Agudo, é de pouco mais de 80 hectares. A família tem outra lavoura em São Vicente do Sul. A rotação com soja é realizada aproveitando de 10 a 15 hectares por ano nos terrenos mais favoráveis. Müller entende que o segredo do Projeto 10+ não é só a alta produtividade por meio da otimização do manejo, mas a racionalidade do uso dos recursos, ou seja, o equilíbrio entre uma alta produtividade e o custo por unidade para alcançá-la”.

ROGER PORTELA

Receita do Projeto 10+ é fazer bem feito na hora certa

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SOJA 6.000

6.000 razões para cultivar Irga mantém programa de apoio à produção de soja em terras de arroz

O

Rio Grande do Sul cultiva cerca de 300 mil hectares de soja em áreas de arroz nesta safra 2018/19, segundo estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz. O cultivo da oleaginosa integra um sistema de rotação recomendado como ferramenta agronômica para controlar invasoras resistentes a herbicidas, melhorar a fertilidade e as condições químicas e físicas do solo, quebrar o ciclo de pragas e doenças e reduzir o banco de sementes de arroz daninho, entre outras vantagens. Com boa produtividade média é possível agregar renda à propriedade, adotar um novo formato de comercialização capaz de permitir a venda da soja antecipada ou no primeiro semestre, por preços atrativos, e segurar a oferta de arroz para comercializar com cotações superiores ao longo do ano. O Irga terá áreas experimentais instaladas nas subestações regionais, na Estação Experimental do Arroz (EEA) em Cachoeirinha (RS), bem como nas áreas da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Capão do Leão. As tecnologias desenvolvidas nos últimos anos são transferidas aos pro-

dutores pelo Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater/ Irga) “Com a tecnologia adequada e em áreas favoráveis, a soja é a cultura mais viável em rotação com o arroz”, observa Athos Gadea, gerente do Dater. O Irga mantém o Projeto Soja 6.000 há três temporadas em apoio aos arrozeiros que decidiram adotar a sojicultura em terras baixas. A iniciativa tem mais de 15 anos, desde que o instituto começou a testar variedades adaptadas ao ambiente de várzeas. “Há produtores que alcançam mais de seis mil quilos por hectare em áreas do projeto, o que não é a realidade da maioria. Há histórias de fracassos também. Daí a responsabilidade da pesquisa em dar o suporte baseada na realidade. A área avança e deve chegar a quase 30% da superfície ocupada com arroz”, explica Maurício Fischer, diretor técnico do Irga. Pedro Hamann, coordenador do Irga na região central, explica que nas safras passadas o projeto demonstrou ser um meio importante para difundir as técnicas. O Irga trabalha com três níveis de recomendação para a sojicultura em várzeas, visando níveis produ-

Alerta

tivos diferentes: 3 mil (entrada), 4,5 mil (intermediária) e 6 mil quilos (consolidada). “Mas, há casos em que desaconselhamos plantar soja e indicamos outros manejos de invasoras”, diz o engenheiro agrônomo. “A recomendação tem que levar em conta a realidade do produtor e da propriedade”, avisa. O Irga alerta para o alto custo e os riscos da implantação da oleaginosa em terras baixas. “A entrada da soja no sistema exige investimentos, estudo, aprimoramento, adaptação de equipamentos, da mão de obra, e condições naturais favoráveis”, resume Maurício Fischer. Mas, alguns arrozeiros garantem que após rodar o sistema com a soja, na volta para o arroz os resultados impressionam. Em algumas lavouras a produtividade cresceu 22%, os custos baixaram entre 8% e 15%, graças ao plantio na resteva da soja, diminuir a competição por nutrientes das plantas comerciais com as invasoras e as vantagens da colheita no seco para a safra subsequente, como plantio na época ideal, redução do manejo de solo, economia com defensivos e com insumos, mão de obra e óleo diesel, além de um residual de fertilidade.

Plantar soja exige conhecimento, pois mesmo plantada em ambiente de arroz a cultura tem necessidades de manejo e insumos diferentes. Além do mais, a planta pode morrer se pegar um período de oito a 12 dias submersa ou com o solo saturado por excesso hídrico. Mas 10 a 12 dias sem chuvas também podem comprometer a produção, pois os solos de várzea têm problemas de compactação e de serem rasos, o que exige irrigação em momentos químicos. 28

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Receita para a integração

SOJA 6.000

Irga e UFSM se unem pela sustentabilidade do sistema que integra soja e arroz

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Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por meio de seu Grupo de Pesquisas em Arroz Irrigado (Gpai) uniram esforços para congregar dois eventos consagrados pelas instituições sobre a integração entre soja e arroz em terras baixas, duas culturas que cada vez mais andam lado a lado no estado. O 7º Seminário sobre Sustentabilidade de Terras Baixas e o 4º Encontro do Projeto Soja 6.000 teve a primeira edição conjunta realizada nos dias 14 e 15 de agosto, na Área Didático-experimental da Várzea da UFSM e no auditório Flávio Miguel Schneider. O evento reuniu mais de 500 técnicos e produtores nos dois dias. A equipe da coordenadoria regional do Irga na região central, sob coordenação do engenheiro agrônomo Pedro Hamann, representou o instituto nas ações de organização. A parceria deu tão certo que o Dia de Campo da região central está agendado para o dia 24 de janeiro no mesmo local. À frente da organização, o coordenador do Grupo de Pesquisa em Arroz Irrigado da UFSM, professor Enio

Marchesan, avalia positivamente a iniciativa de aproximar as duas instituições, o que fortaleceu os eventos e tornou os debates mais consistentes e de qualidade. “Nossas primeiras impressões foram de um público satisfeito, cujas avaliações e sugestões serão aplicadas nas próximas edições”, diz. Marchesan destaca que no primeiro dia, pela manhã, foi realizada atividade de campo, onde foram apresentadas quatro estações com diferentes tipos de manejo, entre elas a colheita no seco para reduzir custos, repetindo arroz em cima da área. “Foram mostrados quais os manejos desta palhada no pós-colheita, a fim de melhorar a nossa lavoura e diminuir o desembolso”, frisa. Ele ressaltou a importância deste mix entre a parte prática e teórica, com palestras que contemplaram temas importantes à tomada de decisão pelos produtores. Segundo ele, a época em que foi realizado o encontro, de pré-semeadura, é o momento certo para a tomada de atitudes para a melhoria da lavoura. “Não podemos mexer em preços, embora as entida-

Marchesan: aproximação

des envidem esforços para que isso aconteça, mas quem define é o governo e outros órgãos”, resume. “O que está ao alcance do produtor é melhorar a sua lavoura, com custos mais baixos e produtividades mais altas, em busca da renda”, acrescenta. No que diz respeito à soja, Marchesan aposta na aproximação das instituições para estabelecer ações importantes e oferecer soluções e caminhos para a cultura.

Os desafios na gestão em destaque

Entre as palestras apresentadas nos eventos, o tema gestão trouxe exemplos de empresas familiares de Santa Maria, fora do setor agropecuário, apresentados por Carlos Costabeber, que falou sobre gestão. “A importância é a mesma em qualquer negócio”, afirma. Ele abordou estratégias de sobrevivência, entre elas, cuidar bem dos funcionários para que eles cuidem bem dos clientes. A gestão de uma empresa rural foi o tema da palestra do engenheiro agrônomo Carlos Cauduro, das Sementes Cauduro, abordando os 25 anos de gestão rural e a rotação com arroz e soja. Ele apresentou o crescimento do negócio familiar desde a safra 93/94, quando teve início a operação com 42 hectares de arroz, chegando a 1.155 hectares de

Máxima atenção: gestão é ferramenta produtiva

arroz e 1.563 hectares de soja em 2018/2019. “A meta principal é ser a melhor empresa para trabalhar na região até 2020”, revela. A gestão de pessoas numa empresa rural foi tema do representante da Vetagro Ltda., Ramiro Alvarez de Toledo, que apresentou os resultados obtidos numa propriedade a partir do

investimento na área. O case da Estância Três Figueiras, de propriedade da Agropecuária Itapevi Ltda, de Maçambará/Itaqui, que implantou sistema de gerenciamento de pessoas em 2006, 12 anos depois, se reflete não apenas nos números da produção, mas em pessoal mais qualificado e melhor remunerado.

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SOJA 6.000

O futuro em jogo

Alta produtividade e sustentabilidade da soja na várzea é um grande desafio

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oja 6000 - O que esperamos para o futuro? Sob este tema a palestra do engenheiro agrônomo Rodrigo Schoenfeld, do Irga, atraiu muita atenção no 7º Seminário sobre Sustentabilidade de Terras Baixas. Entre as considerações para o sucesso e continuação do avanço das tecnologias adotadas no cultivo da soja em terras baixas, o pesquisador enumera os benefícios da rotação com arroz irrigado, redução de custo com preparo de solos, aumento da produtividade de arroz, quebra de ciclo de pragas, alternativa de renda, entre outros fatores agronômicos e econômicos. Segundo Schoenfeld, o Rio Grande do Sul possui 5,4 milhões de hectares de terras baixas e apenas 1,1 milhão de hectares são utilizados para o plantio do arroz irrigado, muitas destas lavouras têm mais de 100 anos. Na última temporada, foram cultivados 280 mil hectares com soja em rotação com arroz irrigado, enquanto na metade sul são plantados 1,5 milhão de hectares da oleaginosa em coxilha e terras baixas. Ele destaca que há avanços positivos na sojicultora em ambientes arrozeiros e usou como referência a Estância Tamanca, de Santa Vitória do Palmar, que apresenta média de produtividade nas últimas três safras de 10.300 quilos (206 sacas) por hectare no cereal e 3.420 quilos (57 sacos) por hectare na soja. O pesquisador do Irga ainda expôs outras experiências com o programa Soja 6000, que buscou transferir das áreas de pesquisa e observação as técnicas que melhores resultados apresentaram. Em um dos casos foram obtidas médias de 6.030 quilos (100,5 sacos por hectare) da oleaginosa em 2017 e 3.218 quilos (105,3 sacos) em 2018, em Tapes, em áreas do programa, contra uma média geral de 60 sacos por hectare em 1.400 hectares da cultura. Schoenfeld também abordou diferenças importantes no clima em cada ano da pesquisa e em cada região, que interferiram nos resultados. Se por um lado foi mais difícil a comparação ano a ano, área 30

Integração lavoura-pecuária: um caminho a percorrer pelo aumento dos rendimentos do arroz

QUATRO NÍVEIS Para Rodrigo Schoenfeld, o futuro da entrada da soja em terras de arroz no Rio Grande do Sul está na depressão central, na campanha e na planície costeira externa. “Há muitas áreas disponíveis ainda e os produtores estão paulatinamente ampliando as lavouras a partir das experiências colhidas com os programas de transferência de tecnologias e aplicando as correções necessárias aos erros cometidos nas safras anteriores”, resume. O pesquisador acredita que a lavoura de soja no ambiente do arroz tem muito a crescer e que o suporte da pesquisa e transferência de tecnologia e de eventos como o realizado pelo Irga em parceria com a UFSM, entre roteiros e áreas experimentais, são oportunidades para consolidar esta ferramenta com vistas à orizicultura.

a área, por outro foi possível observar diferentes desempenhos sob clima e níveis tecnológicos diversos. “O que fica claro é que teremos quatro níveis de lavouras para desenvolver a entrada da soja na várzea”, diz o pesquisador. Ele enumera: num primeiro em que com as tecnologias já disponíveis, um manejo altamente qualificado e um clima favorável será possível produzir mais de seis mil quilos por hectare em áreas sobre o manejo recomendado; outras áreas também de nível tecnológico mais avançado em que os produtores

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devem trabalhar para buscar 4.500 quilos por hectare; lavouras quem o patamar vai permanecer em torno de três mil quilos por hectare por limitações variadas, de solo, clima, tecnologias, financeiras, etc... “O quarto ponto, finalmente, serão os terrenos em que a soja não será uma alternativa com as tecnologias até agora disponíveis e que precisarão buscar nas diferentes técnicas de manejo do arroz o controle de plantas daninhas, pragas, melhorar as condições químicas e físicas do solo e obter produtividade”, explica Rodrigo Schoenfeld.


SOJA 6.000

Percepções e desafios da cultura da soja Depois de cultivar arroz por mais de 120 anos em terras baixas, integrar a soja é um desafio

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s percepções e desafios para a cultura da soja em terras baixas foi o tema apresentado pelo professor Enio Marchesan, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), durante o evento conjunto com o Irga. O doutor em Fitotecnia, chamou especial atenção dos participantes para os cuidados com manejos, tais como adequação das áreas e semeadura na época preferencial para arroz e soja. Marchesan abordou ainda cuidados especiais que devem ser tomados e experiências que se sobressaíram em suas pesquisas e em áreas de observação e produção no domínio sobre o fluxo das águas (no déficit e no excesso), ambiente radicular, cultivares, prognóstico climático para planejamento das semeaduras, investimentos, sistemas conservacionistas como uso de plantas de cobertura, integração entre lavoura e pecuária, colheita do arroz no seco e manejo de palhada. Falou também de gestão de pessoas e recursos humanos, com a definição do papel de cada um na lavoura e o resultado que estas ações trazem. Ainda apresentou o desempenho de diferentes modelos de plantadeiras na semeadura da soja. Na palestra “Que informações o campo precisa”, o engenheiro agrô-

nomo Luiz Fernando Siqueira abordou entre outros temas o controle do arroz vermelho, redução do custo da lavoura de arroz a partir do manejo da soja, do residual de adubação, do controle de pragas e invasoras e a importância de criar mais uma alternativa de renda e alterar o fluxo de comercialização da propriedade. SEMENTE Uma lavoura bem-sucedida começa pela semente, que representa 2,5% do custo da lavoura, destacou o administrador e diretor geral da Formosa Sementes de Arroz e Soja, de São Gabriel, Sérgio Augusto Giuliani Filho, que abordou a viabilidade da lavoura de arroz. Segundo ele, a produtividade da soja na várzea na Formosa Sementes foi 35,5% maior que o resultado médio do estado na safra 2017/18, com 67,48 sacos por hectare (4.049 quilos) contra 49,8 sacos (2.988kg) por hectare de média no Rio Grande do Sul. No arroz, a produção foi 44% maior do que o patamar referencial do estado, com 12.163 quilos (243,3 sacas) por hectare contra 8.441 quilos (168,8 sacas) por hectare. “Não podemos pensar em alta produtividade sem usar semente certificada”, conclui. Giuliani Filho ainda comemora o

IMPORTANTE O uso de semente de qualidade também foi defendido pelo pesquisador Paulo Massoni, do Irga, na sua apresentação “Mecanismos de resistência de plantas daninhas”. Segundo ele, marcadores moleculares confirmaram a disseminação de arroz vermelho resistente através de sementes contaminadas. Mas a boa notícia é que, também por causa disso, os rizicultores gaúchos estão adotando maior volume de sementes certificadas para garantir a pureza genética do material semeado. “A taxa de utilização de sementes certificadas no estado é de 41% na soja e de 57% no arroz”. E vem subindo. Massoni também explicou a diferença entre produzir soja “boa” e soja “ruim” na rotação. A soja boa é aquela cujo manejo e tecnologia aplicada assegura a limpeza do campo e de boa parte do banco de sementes de invasoras. A ruim, por sua vez, é aquela em que há escapes e acabam selecionando invasoras que vão debulhar e manter-se no banco de sementes para a safra de arroz.

fato de o Rio Grande do Sul ter, através da organização dos sementeiros e maior nível de conscientização dos arrozeiros e assistentes técnicos, um avanço no nível do uso de sementes certificadas no estado.

Bem mais do que um cálculo Durante o 7º Seminário sobre Sustentabilidade de Terras Baixas, uma das palestras mais aguardadas foi a do economista-chefe do sistema Farsul, Antônio da Luz, que abordou o tema “Custos de produção de arroz no Mercosul e alternativas de competitividade do Brasil”. Para ele, há pelo menos 27 anos, o setor gira na mesma espiral de demandas, com pautas que tratam do arroz no Mercosul, preços baixos, endividamento, crise, renegociação, e atacam os efeitos e não as causas. Sinaliza que enquanto isso os desafios aumentam. “Entre os anos de 2010 e 2018, o custo de produção do

arroz no Rio Grande do Sul teve aumento médio de 38%, enquanto o preço subiu 23%”, sentencia. Luz comparou os custos de produção do Brasil, Uruguai e Argentina e constatou que produzir arroz no Brasil é 24% mais caro do que no Uruguai e 51% maior do que na Argentina. “Entendemos que a diferença do Paraguai é maior ainda, mas não encontramos dados confiáveis para basear a pesquisa”. Na soja, a produção brasileira é 63% mais cara do que a uruguaia e 153% maior do que a Argentina. Boa parte disso se deve à carga tributária e

assimetrias pela condução da política de insumos no Brasil, que gera uma espécie de reserva de mercado para indústrias que se instalam no país. Por isso, Antônio da Luz acredita que não são os preços, de fato, os geradores da crise, mas sim os custos. “O único jeito de uma produção ter segurança ou rentabilidade é produzindo mais barato do que a concorrência”, afirma. E sem o suporte de uma politica agrícola que contemple essas assimetrias, o desafio ao produtor, mesmo com o sucesso da rotação de culturas, é gigantesco. “O peso dos insumos desequilibra”, lembra.

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PROVARROZ

Pilares de valorização

Provarroz enfatiza aspectos socioeconômicos, ambientais e nutricionais

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rograma de Valorização do Arroz (Provarroz), do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), tem destacado três pilares da sustentabilidade da cadeia produtiva e da qualidade nutricional e alimentar do grão. Camila Pilownic Couto, coordenadora, enfatiza que em 2018, em que pese a suspensão de ações no período eleitoral por causa da legislação, não conseguiu expandir o Provarroz nacionalmente, mas cresceu dentro do estado. “Mostramos que além dos aspectos nutricionais, alimentares e de saúde pública há razões socioeconômicas e de sustentabilidade ambiental envolvidas no consumo do arroz”, explica. Além de empregos e renda gerados em mais de 130 municípios na metade sul gaúcha, onde a atividade é uma das poucas e provavelmente a maior responsável pelo processo de industrialização na economia, a orizicultura apresenta vantagens ao meio ambiente. Isso vai desde a criação anual de um lago artificial de mais de um milhão de hectares que alimenta e permite a reprodução da fauna aquapalustre, até a formação de um filtro responsável por limpar as águas dos rios, reduzindo os níveis de poluição, por causa da irrigação. “Ampliamos a gama de informações do projeto, além de mostrar qualidades e vantagens do arroz como alimento, realizar treinamentos e difundir aspectos nutricionais para formadores de opinião, ainda há fatores agregados que têm grande apelo no sentido de mostrar como o grão impacta na vida de milhões de pessoas”, conta Camila. Algumas vitórias podem ser computadas ao longo do programa, como a qualificação e conscientização de centenas de merendeiras, nutricionistas, médicos e demais profissionais da saúde sobre vantagens e benefícios do uso do arroz, em especial em dietas com restrição de glúten; o projeto que inclui a farinha de arroz na cesta básica; o que reduz o ICMS do produto; outro que inclui a farinha de arroz na merenda escolar. Algo interessante 32

Campanhas destacam a importância da cultura do campo até a mesa

é a informação de que o seu consumo no Brasil reduziu 17% em 20 anos, período em que a obesidade aumentou muito. Em tese, hábitos e produtos que sucedem o arroz no país têm contribuido para a obesidade. A alta gastronomia vem sendo importante para impulsionar o consumo de cereal. Através da popularização de programas culinários na TV e internet e uma tendência de alimentação “fitness” e natural, tem sido descobertas e crescido no gosto do consumidor variedades como os arrozes preto, vermelho, aromáticos e arbóreo. “Convém lembrar que o arroz é hipoalergênico, pode ser consumido em qualquer fase da vida, e é nutritivo”, acrescenta a nutricionista do Irga, Carolina Pitta.

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NUTRIÇÃO Entre as atividades do Provarroz, uma que se destacou no cenário nacional foi a participação no 25º Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), em abril passado, em Brasília (DF), em que o Irga esteve presente com um estande e como apoiador. Realizado pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) o encontro reúniu 3.500 profissionais e estudantes da área. No estande Arroz, o Provarroz concentrou exposição e distribuição de materiais informativos e respondeu dúvidas sobre os aspectos nutricionais do grão e seus derivados. Participaram a coordenadora Camila Pilownic Couto e a nutricionista Carolina Pitta.


Muito além da alimentação

PROVARROZ

Atividade arrozeira produz impactos socioeconômicos e ambientais na vida da população gaúcha

Indústria de arroz: base de empregos e impostos na metade sul

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s benefícios nutricionais do arroz à saúde de quem o consome vêm sendo amplamente divulgados pelo Irga, através do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), lançado em 2016. Desde então o Instituto vem realizando ações com profissionais ligados à área da saúde e formadores de opinião. O que muitos ainda não sabem é que os benefícios deste produto vão muito além da alimentação e a cadeia produtiva do grão é responsável por impactos socioeconômicos importantes nas comunidades em que está inserida. De acordo com o ex-diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Tiago Sarmento Barata, pouco mais de 70% da produção brasileira do cereal sai do Rio Grande do Sul, pelas características de clima e solo que favorecem o seu cultivo e restringem outras culturas. “Além disso, Irga, iniciativa privada e univer-

sidades têm focado sua pesquisa no desenvolvimento de tecnologias em busca da máxima qualidade da orizicultura”. O engenheiro agrônomo ressalta ainda que o consumo domiciliar do cereal vem caindo sistematicamente nos últimos 20 anos, em torno de 17% no país. “O consumo que era de aproximadamente 60 quilos por habitante/ ano não chega hoje a 50 quilos por habitante/ano”, diz. Se o consumo se mantivesse o mesmo de 20 anos atrás, a demanda pelo produto seria 2,1 milhões de toneladas maior, absorvendo inclusive o excedente da Argentina, Uruguai e Paraguai, considerado um problema que superoferta o mercado, segundo ele. Além disso, a produção de arroz impactaria ainda mais na geração de empregos ligados à atividade. Barata explica que de acordo com o último censo realizado pelo Irga, a atividade reúne 18 mil produtores, que ge-

ram 37 mil empregos diretos dentro da propriedade, contingente de 55 mil pessoas diretamente envolvidas com a cultura. Ele destaca ainda que o Rio Grande do Sul tem uma participação na produção de matéria-prima para um centro industrial muito pujante, com 175 indústrias que geram outros 12 mil empregos. O parque de máquinas supera os 25 mil tratores e oito mil colheitadeiras, o que gera demanda de manutenção e peças de reposição, tudo isso na metade sul, uma região carente de investimentos. “O que se vê são produtores de arroz passando por dificuldades e lavouras inviabilizadas economicamente devido à queda de consumo e elevação do custo de produção, apesar da tecnologia avançada, uma realidade que não condiz com o que a atividade representa para a segurança alimentar e a socioeconomia da metade sul”, diz.

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PROVARROZ

Cultura ambientalmente benéfica Orizicultura cria um lago de 1 milhão de hectares no Rio Grande do Sul

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inda que alguns segmentos da sociedade eventualmente apresentem argumentos dissociados da realidade da orizicultura, atacando-a como fonte de demanda de defensivos químicos, o Irga, universidades e outros centros de pesquisas públicos e privados têm um trabalho importante que demonstra justamente o contrário. A cultura é, dentre as atividades agropecuárias, uma daquelas que traz benefícios ao meio ambiente das regiões em que é desenvolvida. O coordenador regional do Irga na fronteira oeste, engenheiro agrônomo Ivo Mello, garante que a produção de arroz no Rio Grande do Sul em termos de uso dos recursos naturais está alinhada com várias agendas ambientais que estão estipuladas pelos governos e organismos mundiais de atenção ao setor no planeta. “Já nos anos 40, técnicos do Irga enxergaram a possibilidade de superar eventos climáticos como a seca, a partir da construção das barragens do Capané, em Cachoeira do Sul, e de Sanchuri, em Uruguaiana, o que salvou a atividade pecuária nestas regiões e mudou a paisagem do bioma pampa com a construção de muitas outras barragens e açudes privados. Segundo ele, isso ocorreu quase 70 anos antes de ser escrita a Agenda Global para o Desenvolvimento Sustentável que prevê a construção de

Água limpa: lavoura funciona como filtro

açudes e barragens a fim de superar eventos climáticos. “Ali, a pesquisa e os agricultores já demonstravam pioneirismo e atenção à demanda climática e ambiental na orizicultura”, reforça. Mello desmistifica ainda a ideia de que a atividade impacta recursos naturais como rios e arroios. Segundo ele, dos 10 rios mais poluídos do Brasil, três estão no Rio Grande do Sul: Sinos, Gravataí e Caí que alcançam a região metropolitana de Porto Alegre. No entanto, análises realizadas junto à Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, e a Barragem do Arroio Duro, em Camaquã, demonstram que águas consideradas de classe 4 - entre as mais poluídas –, com captação

abaixo das cidades, portanto carregando dejetos da zona urbana, após passarem pela lavoura de arroz, voltaram à natureza como classe 1, a melhor classe de uso da água. Diversos trabalhos do Irga e outras instituições provaram há mais de 20 anos, e continuam provando, que o sistema radicular e o solo das lavouras de arroz formam uma espécie de “esponja” que filtra essa água, aproveita nutrientes para enriquecer o solo e devolve à sociedade um rio mais limpo, com melhor qualidade de água. “E isso tem base científica através de diversos estudos com resultados nesta direção; está consolidado, logo é inquestionável”, assegura Mello.

Lago artificial de um milhão de hectares favorece a fauna 34

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PROVARROZ

Nova visão

Nutrição é um aspecto enfatizado no programa que valoriza a orizicultura

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ara fortalecer uma visão mais real e adequada do público consumidor e da sociedade em relação ao cereal, o Irga, através do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), realiza atividades de conscientização da sociedade sobre a importância do consumo e os benefícios de consumir o arroz e seus derivados, a farinha de arroz, por exemplo. Neste sentido são realizadas palestras e oficinas para merendeiras e professores em escolas, também para estudantes das áreas afins, como nutrição e medicina, em universidades, em feiras voltadas aos alimentos, à nutrição e saúde e eventos do setor orizícola. Há ainda distribuição de materiais informativos, criação e divulgação de vídeos de receitas com arroz e farinha de arroz (bolo, quiche, paella campeira, biscoitos, pizza, doces) e dicas valiosas de preparo das variedades de arroz branco, integral e parboilizado. A coordenadora do programa, Camila Pilownic, e a nutricionista Carolina Pitta, participam de atividades que vão desde os treinamentos até ações dire-

Na TV: ações para alcançar formadores de opinião e o público consumidor

tas com a cadeia produtiva em palestras e debates, até entrevistas variadas pela imprensa. Um dos desafios dos agentes do programa tem sido desmitificar crenças populares e equivocadas sobre o grão, como, por exemplo, que ele engorda. “São mitos que precisamos superar com o conhecimento técnico e científico, pois muitas pessoas nos procuram justamente para dizer que consomem arroz há tanto tempo e não tinham conhecimento sobre o quanto ele é benéfico para a saúde e, também, importante do ponto de vista econômico, social e ambiental”, explica Camila. O programa tem como objetivo fomentar o consumo do cereal e a relevância de seu uso para a saúde, através do alcance do público com ações de marketing e atividades voltadas para formadores de opinião, estudan-

tes, profissionais da área da saúde, merendeiras e ao conjunto da sociedade. Já foram capacitados mais de cinco mil formadores de opinião. Para 2019 estão sendo elaborados projetos para a nova fase do programa que pretende atuar em rede nacional, trabalhando com mídias de grande alcance na busca da sensibilização do maior número possível de pessoas. “O Irga sempre se destacou por suas ações de pesquisa e extensão, também pela área política, como protagonista da gestão de demandas do setor junto às mais diferentes esferas. Com o Provarroz entramos em um novo ambiente, a conscientização de quem prepara e usa o arroz em suas receitas e, também, no ponto final da cadeia, que é o consumidor”, explica Camila Pilownic Couto, coordenadora do programa.

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ARTIGO TÉCNICO

Farinha de arroz, versatilidade e saúde Por Carolina Pitta – nutricionista do Irga

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limentar-se não é um ato pura e simplesmente de ingestão de comida. A alimentação diz respeito à ingestão de nutrientes contidos nos alimentos, às emoções provocadas por eles, às dimensões culturais e sociais envolvidas. Padrões de alimentação estão mudando rapidamente na grande maioria dos países e, em particular, naqueles economicamente emergentes. As principais mudanças envolvem a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo. Essas transformações, observadas com grande intensidade no Brasil, determinam, entre outras consequências, o desequilíbrio na oferta de nutrientes e a ingestão excessiva de calorias (Brasil, 2014). O arroz é uma planta herbácea da família das gramíneas. Sua cultura é denominada orizicultura, oriunda do nome científico do cereal, Oryza sativa L. O arroz é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo; é um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana, sendo a base alimentar de mais de três bilhões de pessoas. O cereal é produzido em diversas regiões do mundo e consumido por pelo menos 95% da população. O consumo do arroz se divide em vários grupos, seja integral, parboilizado integral, parboilizado polido e pigmentado (preto e vermelho) ou polido branco, que é o mais consumido no mundo. Veículo de substâncias bioativas, o arroz é caracterizado como alimento funcional. Enquadra-se dentro deste conceito especialmente por possuir o amido resistente (arroz parboilizado e integral parboilizado), que é capaz de atuar no metabolismo e na fisiologia humana, promovendo benefícios como o retardamento de doenças crônico-degenerativas e consequentemente promovendo efeitos benéficos à saúde. Fonte de vitaminas do complexo B, sais minerais, carboidra36

to complexo, proteína e fibra alimentar, o arroz é responsável por 20% da energia alimentar da população mundial, sendo de extrema importância dentro do conceito de segurança alimentar em nível mundial. A cultura do arroz é a que possui o maior potencial de aumento de produção para o combate da fome no mundo. Devido a isso, a FAO instituiu o ano de 2004 como o Ano Internacional do Arroz, com o objetivo de promover a produção e tornar mais eficaz a sua distribuição. FRAÇÕES Quando o arroz é submetido ao beneficiamento industrial, uma parcela de grãos quebra, gerando quatro frações: os quebrados grandes ou canjicões, os quebrados médios ou canjicas, os quebrados pequenos ou canjiquinhas, e a quirera. O beneficiamento convencional de industria-

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lização de arroz branco polido, que representa cerca de 70% da produção e do consumo nacional, é o método que apresenta maior percentual de grãos quebrados durante o processamento. Os subprodutos, farelo e grãos quebrados de arroz, antes destinados ao consumo animal, hoje, dão origem aos coprodutos: farinha de arroz e óleo de arroz. Estes componentes são ricos nutricionalmente, pois no farelo concentra-se grande parte das vitaminas, sais minerais, fibras e proteínas, enquanto o grão polido (quebrado ou não) permanece como uma importante fonte de energia (carboidratos complexos) e também proteínas. Os grãos quebrados podem ser transformados em farinha, que devido às características como gosto suave, coloração branca, hipoalergenicidade, ausência de glúten e facilidade para digestão, tem se tornado um ingrediente atrativo.


ARTIGO TÉCNICO A moagem consiste no cisalhamento dos grãos em rolos raiados, para lhes reduzir a granulometrias menores do que 250 µm. Através do peneiramento há remoção de partículas com granulometrias maiores, garantindo um produto dentro dos padrões tecnológicos, com redução e/ou eliminações de sujidades ou focos de contaminação microscópica. EQUILÍBRIO E SAÚDE Cresce a cada dia o número de pessoas que buscam uma alimentação equilibrada e saudável, seja por opção de estilo de vida ou restrições de ordem fisiológica ou médica, como é o caso dos portadores da doença celíaca (hipersensibilidade ao glúten). De acordo com Brasil (2013), esta doença afeta cerca de dois milhões de pessoas no país, sendo que a maioria, muitas vezes, nem sabe que está doente. Assim o arroz e a farinha de arroz são a base para sua alimentação. O desenvolvimento de novas opções de produtos de panificação com ingredientes alternativos à farinha de trigo torna-se algo cada vez mais desejado por consumidores. Versátil, de coloração clara, não altera o sabor das preparações, tem gosto suave – adquirindo gosto salgado ou doce conforme a preparação – de fácil dissolução ao se misturar com outros ingredientes no preparo de bolos, a farinha de arroz é a melhor alternativa na produção de alimentos sem glúten. Além da ausên-

cia de glúten, o que a torna interessante às pessoas que sofrem de doença celíaca, a farinha de arroz possui outra vantagem, que é o baixo índice glicêmico, proporcionando que os carboidratos sejam absorvidos lentamente, isso atenua os picos glicêmicos após as refeições e promove maior saciedade. Além disto, a farinha de arroz contém cerca de 7% de proteína. A propriedade hipoalergênica e a alta qualidade nutritiva poderiam fazer do concentrado protéico ou do isolado de arroz ingredientes competitivos no mercado alimentício, porém o uso da proteína do arroz nos alimentos é limitado devido à indisponibilidade e desconhecimento das suas propriedades funcionais. A farinha de arroz pode ter sua contribuição para o suprimento da demanda por produtos voltados para o atendimento de nichos específicos de mercado, orientação crescente no segmento agroindustrial. Nesse contexto, a utilização da farinha de arroz tem se expandido para a fabricação de biscoitos, bebidas, alimentos processados, pudins, molhos para salada e pães sem glúten. PREFERÊNCIAS A fim de saber a opinião dos consumidores, foi realizado um teste de comparação pareada unilateral para avaliar a preferência entre duas receitas diferentes de bolo de laranja. O teste foi realizado pelo Irga em parceria com a Universidade Federal de Pelotas

(UFPel). A receita, muito tradicional no Brasil, é baseada em farinha, suco de laranja e ovos, podendo ter variações e adaptações de acordo com o estado em que é produzida. Pode ser consumido no desjejum, lanche da manhã, lanche da tarde. Entretanto, na busca de receitas alternativas com maior acesso aos consumidores hipersensíveis ao glúten (celíacos), a receita foi adaptada com o uso de farinha de arroz. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar se existe diferença sensorial significativa, com relação à preferência, entre a receita tradicional de bolo de laranja – utilizando farinha de trigo refinada branca – e a receita adaptada – utilizando farinha de arroz. Avaliados sabor, aparência e intenção de compra, foi percebida, apenas, uma pequena diferença entre as amostras de bolo de laranja feito com farinha de arroz e o feito com farinha de trigo. Os avaliadores comentaram sobre as diferenças entre cada um dos bolos, provando que são produtos diferentes, com características diferentes. Contudo, no quesito intenção de compra, o bolo com farinha de arroz foi mais votado, sugerindo que os consumidores estão abertos a novos produtos. Apesar de todos os benefícios socioeconômicos e nutricionais, a farinha de arroz está inserida no mercado em quantidades modestas, são poucos os dados sobre a produção e consumo, mas a cada dia cresce o número de pesquisas realizadas com este produto.

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$ INDENIZAÇÕES

Pedras no caminho

Irga registra recorde de comunicações de granizo na safra 2017/18

A

safra de arroz 2017/18 no Rio Grande do Sul registrou uma produtividade média e um resultado impressionantes, em 7.949 quilos por hectare e mais de 8,4 milhões de toneladas colhidas. No entanto, os resultados poderiam ser melhores se o clima, tão favorável após entrar 2018, não tivesse atrapalhado em algumas regiões. Um recorde de 129 comunicações de granizo – superando os números de 1995 – ao Irga alcançou 6.214 hectares de lavouras gaúchas. Victor Hugo Kayser, que coordena a área de política setorial, dentro da Diretoria Comercial e Industrial do Irga, e faz a primeira análise dos processos – que passam ainda pelos setores técnico-agronômico e jurídico – explica que deste total, 86 foram registrados em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, em uma granizada ocorrida no final de fevereiro. Foram atingidos três assentamentos e outras 36 lavouras, segundo um levantamento preliminar dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) de General Câmara e Guaíba. De todos os processos analisados, até o final de novembro 53 foram habilitados para pagamento somando R$ 6.718.704,29, com R$ 6.215.510,56 já quitados. Segundo Kayser, sete processos seguem sob análise jurídica. Os demais 26 processos não estão aptos para pagamento. “O principal problema nos processos, não apenas neste ano, mas em geral, são a falta de licença de operação e/ou protocolo da lavoura encaminhamos juntos aos órgãos competentes. Há outros casos, mais raros, em que as perdas foram apenas parciais e a receita da produção remanescente superou as despesas indenizadas da lavoura”, explica Victor Hugo Kayser. Como o valor orçado para o seguro este ano era de aproximadamente R$ 1,8 milhão, a diretoria do Irga precisou solicitar suplementação - o que foi autorizado pela Secretaria da Fazenda. O segundo passo foi buscar a liberação do valor na Receita Estadual (Caixa Único), o que contou com o 38

Granizo estragou plantas e causou debulha precoce dos grãos

Indenizações

Produtores*

Área (ha)

Valor (R$)

2017

09

431,71

828.055,28

2018

53*

6.214**

6.718.704,29

*Há mais sete em análise jurídica. **Área total comunicada.

apoio fundamental da Secretaria da Agricultura Pecuária e Irrigação do Estado. “Estamos atendendo a todos os produtores aptos à indenização ainda neste exercício”, avisa Kayser. Ele acredita que o número de processos deve reduzir para 2019, voltando à média que fica abaixo de R$ 1 milhão em indenizações. “Mas, se ocorrer necessidade, o Irga buscará atender da melhor maneira possível e dentro do

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Fonte: Irga

orçamento disponível a todos os produtores atingidos”, frisa. Lembra, no entanto, que é fundamental que o produtor cuja lavoura for atingida realize os procedimentos conforme os parâmetros previstos, desde a comunicação até a avaliação, tenham as autorizações necessárias e junte os documentos necessários. “A correção técnica do processo é que garante a indenização”, avisa.


LAVOURA

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Instituto Rio Grandense do Arroz

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EVENTOS

Expoarroz 4.0

Expoarroz Tech 2019 turbina as tecnologias para a cadeia produtiva

C

om apoio do Irga, a Expoarroz Tech 2019 acontecerá em Pelotas (RS) entre os dias 14 e 16 de maio. A feira, nesta edição, terá o foco voltado à inovação tecnológica e a aplicação de tecnologias em todos os processos da produção até o consumo do arroz. “A importância de pensar o futuro do setor orizícola será o destaque do evento que terá por tema: “Do campo à mesa”, avisa o coordenador geral, Fernando Estima. O lançamento ocorreu no dia 5 de dezembro com a presença de representantes do instituto.

A renovação da feira no rumo das tecnologias é uma necessidade do próprio mercado e foi uma decisão natural para os seus organizadores, segundo o dirigente. O principal objetivo, além de reunir a cadeia produtiva de arroz, é debater temas como tecnologia, nutrição, produção e fomentar negócios para o setor, fortalecendo a orizicultura nacional. Além das palestras e rodadas de negócios realizadas durante a programação, a Expoarroz conta ainda com uma área de expositores que podem apresentar diretamente a empresa e os produtos ou

serviços aos visitantes. O Irga participará com estande e profissionais nas palestras e debates temáticos. Algumas novidades confirmadas: a primeira edição do Round Tech, rodada que contará com empresas desenvolvedoras de tecnologias como ferramentas de gestão para os diversos elos da cadeia produtiva. Além disso, o 7º International Rice Round Business levará importadores internacionais a negociarem com as indústrias e empresas brasileiras, abrindo e fortalecendo mercados ao arroz nacional.

Encontros setoriais: o mundo do arroz se reúne em Pelotas para discutir comércio e tecnologias

Irga faz parceria com a Fenarroz O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) foi um dos principais patrocinadores e parceiros da 20ª Feira Nacional do Arroz (Fenarroz), no final de junho em Cachoeira do Sul. Toda a programação técnica do evento ficou por conta do instituto, que concentrou atividades nos dois primeiros dias de feira, no auditório da Fenarroz com palestras, painéis e workshops sobre temas como avanços no manejo da 40

cultura, de pragas e plantas daninhas e integração com a soja. A feira teve visitação de 50 mil pessoas e intenção de comercialização registrada pelos expositores em R$ 220 milhões em máquinas, insumos e equipamentos. O evento contou com palestrantes do Irga e também convidados da Emater/RS, da UFSM e do Programa Brazilian Rice, da Associação Brasileira das Indústrias de Arroz (Abiarroz) e

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Apex-Brasil, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi) e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Pedro Trevisan Hamann, coordenador regional do Irga, foi um dos diretores de Orizicultura da feira e, em meio ao evento, assumiu a vice-presidência de Orizicultura em substituição a César Gazzaneo, representante do Sindarroz-RS, que permanecia no cargo há três feiras.


EVENTOS

Expointer também é lugar de arroz Irga realizou intensa atividade na grande feira internacional agropecuária

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a maior exposição-feira agropecuária da América Latina não poderia faltar o arroz e o Irga, mais uma vez, marcou presença em grande estilo durante a Expointer, em Esteio, no Rio Grande do Sul. A 41ª edição do evento aconteceu entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro, e o instituto esteve presente abrindo sua casa no Parque de Exposições Assis Brasil para diversas reuniões e encontros da cadeia produtiva e também apresentou programação intensa para debate de aspectos agronômicos, ambientais, comerciais e sobre a promoção do consumo e a nutrição. A segunda-feira, dia 27/8/2018, foi o Dia do Arroz, com atividades que começaram no painel: “O arroz gaúcho contribuindo para o bem-estar de todos”, na Arena Canal Rural, que teve entre outros debatedores o engenheiro agrônomo Ivo Mello e a nutricionista Carolina Pitta. Logo após, em parceria com a Federarroz houve o lançamento da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que acontecerá de 20 a 22 de fevereiro de 2019 em Capão do Leão, seguido de um almoço para convidados preparado pela equipe de gastronomia do Irga. No mesmo dia, na parte da tarde, o instituto promoveu o lançamento da cultivar IRGA 431 CL, com a presença de produtores, autoridades, servidores e técnicos. No evento também foi entregue o Selo Ambiental aos produtores que se destacaram na observância das boas práticas agrícolas e de gestão ambiental em suas lavouras e propriedades. Além da frequente presença de visitantes no estande da autarquia, para saborear o famoso arroz de leite e produtos à base de farinha de arroz, no sábado, dia 1º de setembro, a equipe gastronômica serviu o tradicional carreteiro do Irga, que formou filas no parque e atendeu a mais de 500 pessoas. Essa iniciativa faz parte do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), no sentido de conscientizar a população a respeito da importância nutricional de consumir o cereal.

Distinção: produtores receberam o certificado de conformidade ambiental

PRÊMIOS Ainda na Expointer, o Irga recebeu duas tradicionais premiações. Na segunda-feira (27), o gerente da Dater, Athos Gadea, representou a autarquia para receber o troféu O Futuro da Terra, do Jornal do Comércio/ Fapergs, na categoria Preservação Ambiental, pela criação do Selo Ambiental para as lavouras de arroz. Na terça-feira (28), o instituto foi agraciado com o troféu A Granja do Ano 2018 (revista A Granja) pelos trabalhos desenvolvidos na área de pesquisa em benefício da cadeia orizícola gaúcha. A gerente da Divisão de Pesquisa, Flávia Tomita, recebeu a distinção em nome da equipe. SELO Criado pelo Irga na safra agrícola de 2008/2009, o Selo Ambiental viabiliza o desenvolvimento sustentável no sistema de produção de arroz irrigado, estimulando o modo de certificação e rastreabilidade e assegurando o reconhecimento do uso de práticas ambientais e sociais corretas na lavoura. Além disso, premia as propriedades rurais que estão de acordo com a legislação ambiental e que fazem uso de tecnologias mais limpas. Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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MERCADO

Em busca do equilíbrio Safra menor e estoque de passagem em decréscimo colocarão menos arroz no mercado

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om São Pedro jogando a favor, a safra 2018/2019 se estabeleceu em boas condições no Rio Grande do Sul. Aproximadamente 90% da área pretendida foi semeada antes do dia 15 de novembro, ou seja, dentro da época considerada ideal, atendendo uma das principais premissas para o alcance do potencial produtivo. A partir do levantamento da intenção de plantio feito pelo Irga, projetou-se o cultivo de uma área de 1.007,5 mil hectares, representando um encolhimento de 6,5% em relação à área semeada na última temporada. O avanço em algumas regiões indica que os números finais devem se confirmar muito próximos, em torno de 1,010 milhão de hectares. Caso a produtividade média obtida na última safra seja mantida, teremos uma safra em 465 mil toneladas menor do que a colhida no último ano em razão da diminuição de área. Confirmada a semeadura da área inicialmente projetada, estaremos diante da menor área nos últimos doze anos, acumulando uma retração de 163 mil hectares em oito safras gaúchas. O engenheiro agrônomo e ex-diretor comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata, explica que o grande fator motivador para este redimensionamento da oferta é, sem dúvida, a inviabilidade econômica da atividade em muitas condições de produção no estado. “Nos últimos cinco anos observamos o incremento de 34% do custo de produção, enquanto o preço de comercialização acumulou valorização de 19% no período”, observa. “Diante da forte elevação dos custos de produção sobre a comercialização, vemos crescer a necessidade de diversificar o cultivo. Nesse sentido, soja e pecuária avançam em áreas que há pouco tempo eram arrozeiras”, registra. Ele também considera que, além da provável redução da safra, devemos iniciar o próximo ano comercial com menor posição dos estoques. Isso porque o corrente ano comercial vem se caracterizando pela balança

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Colheita: queda da oferta deve repercutir nos preços internos

comercial superavitária e consequente enxugamento da oferta. Graças à condição competitiva favorável, o arroz brasileiro teve na exportação uma importante via de escoamento ao longo de 2018. Nos oito primeiros meses do corrente ano comercial (março a outubro de 2018), foram exportadas 1,081 milhão de toneladas (base casca) de arroz, representando um incremento de 86,7% em relação ao embarcado no mesmo período no ano passado. Houve aumento no volume de arroz beneficiado exportado (44%) e, em especial, de arroz em casca, que cresceu 558% em relação ao exportado neste mesmo período em 2017 (410 mil toneladas a mais). Forte demanda da Venezuela tem sido o destaque neste ano. Nos oito primeiros meses do ano comercial 416 mil toneladas (base casca) foram embarcadas a esse destino, representando 38% total exportado. Senegal,

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Peru, Gâmbia, Serra Leoa, Costa Rica e Nicarágua surgem na sequencia como importantes mercados, representando juntos 40% do mercado. Os mesmos fatores que proporcionam ao arroz brasileiro esta condição competitiva (dólar valorizado, arroz valorizado no mercado externo e desvalorizado no doméstico) são os que de certa forma desmotivam as importações. Até novembro de 2018, o volume de arroz importado foi de 604,7 mil toneladas (base casca), representando a redução de 25% comparado com igual período no ano anterior. A esperança é de que, somados os fatores favoráveis ao equilíbrio entre oferta e demanda, a queda produtiva e dos estoques se traduza, em algum momento, em preços que permitam superar os custos de produção e gerar renda à cadeia produtiva, o que dependerá também de outros fatores, como o câmbio e o fluxo de negociação.


Convenção para o futuro

PESQUISA

Divisão técnica amplia debate sobre o papel e o destino da pesquisa em arroz

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Divisão de Assistência Técnica e Extensão do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) realizou a sua segunda convenção nos dias finais de julho e no começo de agosto em Restinga Seca, reunindo cerca de 140 pesquisadores e extensionistas da autarquia para discutir o papel e o futuro da pesquisa de arroz no instituto e no estado. Os trabalhos no primeiro dia priorizaram o debate sobre o cenário atual da cultura do arroz irrigado, a produção e certificação de sementes Clearfield e a parceria entre o Irga e a multinacional Basf, encerrando com um painel sobre o contexto da resistência de plantas daninhas no arroz. No segundo dia, as discussões ficaram centradas principalmente no trabalho de pesquisa do Irga e na sua integração com a equipe de extensão rural. Cada uma das seis regionais do instituto apresentou também uma radiografia das suas ações e principais dificuldades, de forma a estabelecer um cronograma de trabalho futuro e elencar metas para contornar os obstáculos. Para a pesquisadora Flávia Tomita, gerente da Divisão de Pesquisa da Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha (RS), este processo de integração fortalece o instituto na medida em que foge ao fluxo cotidiano de demandas e organiza e aproxima

Convenção: Irga e a ciência arrozeira em debate

os diferentes elos que desenvolvem e transferem as tecnologias até o orizicultor. Maurício Fischer, diretor técnico, entende que a convenção cumpre com o papel de respaldar as decisões do grupo de cientistas e dos técnicos de campo, que estão mais próximos do agricultor. “Isso permite uniformizar discursos, que a pesquisa aponte sua realidade e expectativa e que as equipes do Núcleos de Assistência Técni-

ca e Extensão (Nates) tragam o feedback dos produtores e suas próprias conclusões para fortalecer a pesquisa e, se for o caso, corrigir rumos”, frisa. A convenção terminou com um amplo debate sobre o futuro da instituição. Representantes da administração, da pesquisa e de cada uma das seis regionais apresentaram sugestões para a construção de um Irga forte e eficiente na tarefa de atender às demandas do setor arrozeiro.

24ª Jornada de Herbologia

Herbologia na pauta de pesquisadores e estudantes

A Estação Experimental do Arroz (EEA) recebeu no início de 2018 a 24ª Jornada de Herbologia, evento que reuniu pesquisadores, representantes de empresas detentoras de registros de herbicidas e estudantes. A gerente da Divisão de Pesquisa da EEA, Flávia Tomita, e os pesquisadores Paulo Massoni e Carlos Mariot recepcionaram os mais de 50 visitantes em roteiro pelos experimentos com foco no controle do capim-arroz, uso de combinações de herbicidas e momentos de aplicação, e em uma área com soja onde foram avaliados resultados do uso pré-emergentes. Os pesquisadores ainda debateram o problema de ervas daninhas resistentes com interação e troca de experiências para melhorar o entendimento e o direcionamento das ações de pesquisa. Lavoura Arrozeira • Nº 470 • dezembro de 2018, janeiro e fevereiro de 2019

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PESQUISA

Referência internacional Com 34 técnicos de nove países, comitiva do Flar visita o Rio Grande do Sul e conhece projetos do Irga

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onhecer os programas desenvolvidos pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e também a cadeia produtiva do maior produtor do cereal fora da Ásia foi o objetivo da 11ª Gira Técnica de Agronomia do Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar), que aconteceu no Rio Grande do Sul entre os dias 5 e 13 de novembro. No total, 34 participantes, entre produtores, técnicos convidados e pesquisadores de nove países das Américas percorreram roteiros desde a Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga) em Cachoeirinha, até Uruguaiana, na fronteira oeste, passando pela região central. Os visitantes são da Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, México, Nicarágua, Panamá e Uruguai e visitaram 12 municípios: Agudo, Alegrete, Cachoeirinha, Candelária, Itaqui, Novo Cabrais, Porto Alegre, Restinga Seca, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, São Borja e Uruguaiana. A primeira visita foi à Estação Experimental, onde foi possível conhecer um pouco mais da história, funcionamento e programas do instituto, como o Projeto 10+ realizado em parceria com o Flar e o Soja 6000. O engenheiro agrônomo Darci Uhry palestrou sobre “Cultivos alternati-

vos em terras baixas – soja”, em que abordou as principais características dessas áreas, benefícios da rotação de culturas, dicas para escolher cultivares, preparo das sementes, época de semeadura, a importância da drenagem, manejo do solo e da vegetação de cobertura. Uhry também falou sobre os experimentos conduzidos com a oleaginosa, com o propósito de gerar tecnologias que possibilitem maior estabilidade produtiva à cultura da soja nos solos de terras baixas. Com essas ações, o Irga espera incentivar a rotação de culturas e, assim, buscar a sustentabilidade econômica, social e ambiental do sistema produtivo do arroz irrigado.O grupo internacional também foi a campo conhecer técnicas usadas no plantio de soja na lavoura da estação e conferir as máquinas utilizadas para plantio de parcelas de arroz e da oleaginosa. Para o consultor do Flar, Gilberto Mori Dotto, que já foi técnico do Irga na região central, é importante a gira técnica para o intercâmbio entre produtores e especialistas. “Isso possibilita a troca de conhecimento e oportuniza o entendimento in loco de novas tecnologias na lavoura. A meta é aproveitar de forma positiva as experiências adquiridas em seus países. Esta é a dinâmica”, completa Dotto. Rio Grande do Sul recebeu técnicos e produtores de toda a América Latina

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Dotto: experiências para o continente

Para Jaime Cabrera, produtor de semente em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, esta é “uma experiência que propicia a transferência de tecnologias na produção de arroz e soja, além de conhecimento na prática de novas formas de produção, manejo e rotação de culturas”. É sua terceira gira técnica pelo Flar no Rio Grande do Sul. Na região central o grupo conheceu sistemas de produção em pequenas e médias propriedades, com rotação com soja e diferentes técnicas de manejo utilizando as recomendações do Projeto 10+, e na fronteira oeste, acompanhado do gerente regional Ivo Mello e sua equipe, teve contato com o trabalho desenvolvido pelo Irga, produtores de sementes e de maiores extensões de lavoura, entre elas áreas com pivô central e integração entre arroz e pecuária. A comitiva também visitou indústrias.

O Flar Fundado em 16 de janeiro de 1995 pelos países latino-americanos, o Flar – sigla do espanhol que significa Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego -, é uma parceria público-privada para geração e transferência de tecnologias em arroz para melhorar a competitividade e sustentabilidade dos sistemas de produção de arroz, com foco na eco-eficiência. O organismo atende várias organizações ligadas ao arroz na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, além do Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), considerado um parceiro estratégico.


PESQUISA

Parcerias sustentáveis Instituto fortaleceu alianças na Conferência do Arroz para América Latina e Caribe

Comitiva do Irga na conferência internacional

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permanente atualização e a busca das principais tecnologias que repercutem em sustentabilidade para a produção gaúcha de arroz estão entre as prioridades do Irga. Neste sentido, uma comitiva de pesquisadores e técnicos do instituto participou da 13ª Conferência Internacional do Arroz para América Latina e Caribe, de 15 a 18 de maio em Piura, no Peru. O tema da conferência foi “Parcerias para sustentabilidade da produção de arroz”, sobre o qual discorreram palestrantes de países como Estados Unidos, Japão, Filipinas, Brasil e Colômbia, entre outros. O encontro é organizado pelo Fundo Latino Americano para o Arroz Irrigado (Flar), Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat) e Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e reuniu perto de mil participantes entre produtores, técnicos, agrônomos, industriais e pesquisadores, além de estudantes e demais interessados em conhecer os principais avanços do setor de arroz

no mundo. O Irga apresentou o Programa de Valorização de Arroz (Provarroz) e ações em busca da conscientização quanto aos benefícios do consumo do grão. O coordenador regional da fronteira oeste, engenheiro agrônomo Ivo Mello, participou como moderador em um painel sobre a sustentabilidade ambiental da lavoura orizícola. O Irga também contribuiu com a apresentação de 15 trabalhos científicos na modalidade pôster. Segundo Mello, a conferência, por tratar de temas extremamente técnicos, é fundamental para atualizar pesquisadores e extensionistas quanto ao desenvolvimento tecnológico do arroz no mundo e também apontar como os países da América Latina e do Caribe estão resolvendo problemas similares e que são muito diferentes dos nossos. “O nível de conhecimento concentrado num evento como este reflete nas nossas pesquisas, no trabalho de campo e nas nossas lavouras”, argumenta.

HÍBRIDOS Entre os dias 27 e 30 de novembro, representantes do Irga foram à Colômbia participar de dois eventos: o encontro da Confederação de Entidades Latino Americanas do Arroz (Celarroz) e a XII Reunião do Comitê Executivo do Consórcio de Híbridos de Arroz para a América Latina. Além de debater os cenários e tendências tecnológicas e comerciais do setor arrozeiro na América Latina, os participantes avaliaram aspectos administrativos e técnicos em torno das atividades desenvolvidas em 2018. Durante o encontro do Comitê Executivo do Hilaal, em Bogotá, o Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) desenvolvido pelo Irga apresentou suas ações e a nutricionista Carolina Pitta palestrou sobre o tema “valor nutricional e importância do arroz na segurança alimentar”. A apresentação ocorreu no Grand Hyatt Hotel e Carolina ficou à disposição para discutir aspectos do programa e tirar dúvidas dos dirigentes.

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ARROZ ORGÂNICO

Em busca do tempo perdido O arroz orgânico busca seu espaço e demanda suporte da pesquisa

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Rio Grande do Sul é o principal estado produtor de arroz orgânico do Brasil e concentra a maior produção da América Latina, com pouco mais de seis mil hectares cultivados na safra 2017/18 e mais de 35 mil toneladas colhidas. Quase 80% da produção gaúcha está concentrada em assentamentos da reforma agrária, por estratégia de produção e mercado adotada pelas cooperativas de produtores. O estado tem cerca de 500 arrozeiros orgânicos, boa parte trabalhando em sistema cooperativado ou parcerias. Há produtores individuais com diferentes escalas e que vendem em feiras, contratos exclusivos com grandes redes de supermercados ou indústrias e, ainda, aqueles que têm marcas próprias de alto valor agregado tanto no mercado interno quanto para a exportação. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) trabalha também com pesquisas

IMPORTANTE Na agricultura orgânica há propriedades que conseguem agregar até 40% de valor sobre o arroz em programas de fidelidade e qualidade nos contratos com indústrias e varejo. Em média, o preço flutua de 20% a 30% acima da cotação do convencional. Apesar da perda produtiva de duas a três toneladas, os produtores dizem que a vantagem está na combinação de preços maiores (até 40%) e na queda no custo de produção (até 35%).

e extensão rural nesta área. O engenheiro agrônomo André Luiz Oliveira, da zona sul, é um dos expoentes. Para ele, o segmento tem grande potencial de desenvolvimento, mas se ressente de um déficit de 60 anos em pesquisas no Brasil. “A pesquisa evoluiu dentro do modelo que preconiza uso de agroquímicos em busca de produtividades. Hoje, precisamos recuperar o tempo perdido sobre produção agroecológica porque o mercado está muito a nossa frente”, reconhece. Quase 90% das áreas de arroz ecológico usam plantio pré-germinado. O especialista destaca avanços no

manejo de solo e água, métodos de fertilização e controle de pragas que garantem produtividades de até sete toneladas por hectare. Nos cultivos de arrozes especiais, como grão curto ou cachinho, os rendimentos ficam entre quatro a cinco mil quilos por hectare. Para André Luiz Oliveira dois fatores levarão ao crescimento da área de arroz orgânico no Rio Grande do Sul em curto prazo: o maior consumo de produtos agroecológicos e a disparada do custo de produção do grão convencional. “A lavoura tradicional reduz e o pequeno produtor precisa encontrar meios de produzir”, acrescenta.

Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz orgânico das américas 46

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ARROZ ORGÂNICO

Agroecologia em debate no Brasil Conferência colocou a produção orgânica mundial em discussão em Porto Alegre

ORP 3 reuniu principais lideranças do setor

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erca de mil participantes de 30 países estiveram em Porto Alegre, em maio passado, na 3ª Conferência Internacional de Sistemas de Produção Orgânica de Arroz (ORP 3 Brasil 2018), que aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O Irga apoiou e participou da organização. A ORP 3 possibilitou intercâmbio cultural e científico por meio da construção de vivências e troca de experiências em todo o âmbito da cadeia do arroz orgânico: pesquisa, produtor, mercado e sociedade. O fortalecimento e a compreensão dos processos produtivos, agroindustrialização, distribuição e consumo foram pontos debatidos. O encontro foi destinado aos atores da cadeia de valorização do arroz, em especial, agricultores, técnicos de assistência técnica e extensão rural, pesquisado-

res, professores, estudantes, consumidores, gestores públicos, privados e organizações sociais, players do mercado. A próxima edição será no Japão em 2021. Duas conclusões foram inevitáveis. A primeira: o consumo de produtos agroecológicos aumenta em grande velocidade no Brasil e no mundo e representa cerca de 5% no mercado global; a segunda: é possível produzir arroz orgânico em grande escala, baseado no caso de sucesso da Lundberg Family Farms, da Califórnia, que cultiva 6,2 mil hectares de arroz orgânico ao ano, sendo dois mil próprios e quatro mil em regime de parceria. A família também industrializa o grão na propriedade, produzindo biscoitos, crispies, farinhas, bolos, pães entre outros produtos de alto valor agrega-

do.

Pelo Brasil, um dos destaques da ORP 3 foi João Batista Amadeo Volkmann, da Volkmann Alimentos, que cultiva cerca de 350 hectares/ano em sistema de produção biodinâmica. Além deles, as Cooperativas de Agricultores Assentados do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico/RS, que plantam e beneficiam arroz de mais de cinco mil hectares, gerando renda para mais de 450 famílias. Atualmente, além da produção gaúcha – e algumas iniciativas catarinenses – o mercado nacional é abastecido pela importação da Argentina, Itália e da Ásia. Os participantes visitaram algumas propriedades produtoras do Rio Grande do Sul, entre elas a de Juarez Pereira, em Sentinela do Sul, que além de produtor é guardião de 28 espécies especiais de arroz.

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TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Irga anuncia seu calendário de dias de campo de 2019 Eventos regionais começam em 24 de janeiro em Santa Maria

Região Central: roteiros com mais de mil pessoas

O

Instituto Rio Grandense do Arroz já definiu a data de seus dias de campo regionais e confirmou a volta do Dia de Campo Internacional em 2019 à Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga), em Cachoeirinha. Flávia Tomita, gerente da Divisão de Pesquisa do instituto, destaca o retorno do grande evento estadual à estação no dia 28 de fevereiro de 2019. São esperados 1.200 arrozeiros, pesquisadores e técnicos. Após dois anos sediando a Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Cachoeirinha, a equipe poderá se concentrar mais em expor as pesquisas, materiais e manejos preconizados pelo Irga. Também será momento de tirar dúvidas e apresentar a cultivar Irga 431 CL, que chegará às lavouras na safra 2019/20. Flávia lembra que a regionalização dos dias de campo tem proporcionado maior alcance às tecnologias e interação com os rizicultores. “Regionais têm realizado dias de campo com mais de mil pessoas”, ressalta.

Mica fortalece a transferência de tecnologias Com participação de 80 produtores, agrônomos, técnicos e colaboradores do setor arrozeiro, o Irga realizou em junho a edição 2018 do Curso de Manejo Integrado do Cultivo de Arroz (Mica), organizado pelas equipes da Estação Experimental do Arroz (EEA) e da Divisão de Assistência Técnica e

Extensão Rural (Dater). Entre os temas se destacaram: soja em rotação; manejo da fertilidade; controle de plantas invasoras, pragas e doenças; preparo do solo; manejo da irrigação; nivelamento e sistematização por RTK, entre outros. O curso capacita profissionais da orizicultura há mais de 20 anos.

“O uso da água no ciclo de produção do arroz” e falou sobre o uso de recursos hídricos de forma inteligente. Ele frisou que a água armazenada nos açudes no inverno e na primavera auxilia a irrigação, contribuindo para a alta produtividade do cereal no sul. O estado é referência em boa gestão de recursos naturais. “É satisfatório e importante saber que o arrozeiro gaúcho

está alinhado com as boas práticas de armazenagem e qualidade da água”, destaca. “Sabendo que os recursos hídricos são escassos, as boas práticas agrícolas beneficiam a biodiversidade da lavoura e o uso consciente da água ajuda a promover um arroz mais saudável”, conclui a nutricionista Carolina Pitta, que falou sobre o valor do arroz na alimentação.

Água em foco Responsável por boa parte da tecnologia de uma lavoura irrigada com mais de um milhão de hectares apenas no Rio Grande do Sul, o Irga participou do 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília (DF), no primeiro semestre de 2018. A autarquia integrou estande da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ivo Mello, coordenador regional na fronteira oeste, palestrou sobre

Calendário de Dias de Campo do Irga* Data Local Região 28/02/2019........................Estação Experimental do Arroz – Cachoeirinha.....................Dia de Campo Internacional 24/01/2019........................Estação de Terras Baixas (UFSM)- Santa Maria...................Região Central 31/01/2019........................Subestação Regional de Santa Vitória do Palmar.................Zona Sul 07/02/2019........................Subestação Regional de Uruguaiana.....................................Fronteira oeste 12/02/2019........................Dom Pedrito...........................................................................Campanha 14/02/2019........................Camaquã................................................................................Planície Costeira Interna 20 a 22/02/2019................Capão do Leão.......................................................................29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz *Sujeito a alterações Fonte: EEA/Irga 48

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SEDE

Novo endereço em 2019 Mudança de sede fica para o segundo semestre de 2019

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epois de permanecer mais de 20 anos em sede provisória na Avenida Missões, será em 2019 que o Instituto Rio Grandense do Arroz vai se mudar para novo prédio, agora no bairro Floresta de Porto Alegre, graças a uma permuta de imóveis com o Tribunal de Justiça do Estado. A troca permitirá economia tanto para o Judiciário quanto para o Executivo estadual e a mudança acontecerá no segundo semestre de 2019. Isso porque recém foi concluído o processo licitatório do TJE para a reforma do prédio no centro da capital, para onde o Irga vai se mudar. A concorrência pública

08/2018 do TJE, conforme o Processo 820187194/000662-0 está sendo concluída e a empresa vencedora terá seis meses a contar da assinatura do contrato no final de dezembro para entregar a obra com custo previsto em R$ 4,26 milhões. Com isso, a estimativa é de que, se não houver nenhum problema na metade do caminho, a partir de julho o Irga receba a nova sede com 90% do mobiliário e ar condicionado central. “A nós caberá montar as redes de informática, transferir alguns equipamentos e demais estruturas necessárias e instalar o pessoal”, avisa o diretor administrativo, João Antônio.

Provisória: Irga esperou 20 anos por uma sede definitiva

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Segundo ele, a nova sede – hoje funcionando como parte do arquivo do TJE - já prevê o crescimento do instituto. O TJE já transferiu uma pequena parte de seu arquivo morto e bens inservíveis para os depósitos do Irga, na Avenida das Missões, no Bairro Navegantes. Em troca do prédio reformado, o instituto repassará, após a mudança, os dois prédios onde funcionam a sede administrativa provisória e o estacionamento. Com a permuta, o TJE deixará de gastar R$ 8 milhões por ano em aluguel e o Estado não gastará um tostão e dará uma sede definitiva para o instituto.


GENTE DO ARROZ

Justa homenagem

Biblioteca do Irga completa 65 anos e homenageia Paulo Annes Gonçalves

A

biblioteca do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), instalada junto a sede administrativa da Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha (RS), completou em 2018 os seus 65 anos de atividades ininterruptas. Criada em 1953, pelo então diretor Paulo Annes Gonçalves, com a finalidade de organizar e divulgar a documentação de interesse do Irga, o espaço reúne atualmente mais de sete mil documentos entre artigos técnico-científicos, livros, CDs, títulos de periódicos, teses e separatas. Para marcar os 65 anos, a diretoria do instituto resolveu homenagear em 13 de dezembro, o fundador e deu ao setor a denominação patronímica de Biblioteca Paulo Annes Gonçalves. Ele foi o primeiro engenheiro agrônomo contratado pelo Irga, em 1943, quando ainda chamava-se Associação de Orizicultores do Rio Grande do Sul. Além de agrônomo, também escreveu livros técnicos, relatos de campo e foi editor e redator da Lavoura Arrozeira e criou o Anuário Estatístico do Arroz. Paulo Annes Gonçalves atuou 64 anos como jornalista e colaborador assíduo do Suplemento Rural dos jornais Correio do Povo e também do Estado de São Paulo, e Sul Rural (da Farsul) entre outras publicações. Como funcionário do Irga escreveu dois livros: “Agricultura nos Estados Unidos”, em 1945, e “Viagem ao Uruguai”, no final dos anos 50. Ele permaneceu, credenciado pelo Irga e a convite do consulado dos Estados Unidos, no país da América do Norte, em 1945 e em 1950. Destacouse também como assessor da diretoria da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, do Instituto de Carnes, foi fundador e inspetor da Associação dos Criadores de Cavalos Crioulos e do Círculo Gaúcho de Orquidófilos. A biblioteca do Irga é coordenada pela bibliotecária Tânia Maria Dias Nah -ra, e recebe diariamente dezenas de consultas físicas ou eletrônicas pelo site: http://biblioteca.irga.rs.gov.br/irga.

Annes Gonçalves (d): jornalista, agrônomo, escritor, produtor rural e pioneiro

Quem é o patrono? w Paulo Annes Gonçalves era filho de Raphael Barcellos Gonçalves e Branca de Araújo Annes Gonçalves, nasceu em Porto Alegre em 9 de janeiro de 1907 e faleceu em 27 de dezembro de 1997. Teve dois irmãos: Carlos e o também escritor Raul Annes Gonçalves. w Formou-se em Agronomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1927 e ingressou no quadro do Irga em 1943, sendo o primeiro engenheiro agrônomo contratado pela autarquia, que na época ainda era a Associação dos Orizicultores do Rio Grande do Sul. Sua primeira tarefa foi a construção da Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul. w Mais tarde ele foi encarregado de formatar a Colônia Rizícola nº 1, também conhecida por Granja Sônia, em Palmares do Sul. Este era o nome da estância adquirida para instalação desse complexo de ensino do processo do plantio de arroz. Mais tarde, na gestão de Leonel Brizola no governo estadual,

foi rebatizada Granja Vargas. w Paulo Annes Gonçalves foi diretor técnico agrícola do Irga por três ocasiões, tendo se aposentado nesse cargo, em 1966. Também foi assessor da diretoria da Farsul. w Foi proprietário da Estância da Serra, em Rosário do Sul. Entre seus feitos está um campeonato estadual de futebol, o primeiro do Sport Club Internacional, onde foi atleta. w Ainda atuou como professor da Escola de Agronomia de Pelotas, administrador do Matadouro Frigorífico Serraria e da Arrozeira Brasileira. w Foi casado com Helga Altmayer Gonçalves, com quem teve os filhos Paulo, João e Carlos Altmayer Gonçalves. Seu necrológio foi publicado em Zero Hora de 19/1/1998, por Paulo Brossard, jurista, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal e amigo. w A Biblioteca da Casa Rural da Farsul tem cinco mil volumes e também se chama Paulo Annes Gonçalves.

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ARTIGO TÉCNICO

Medições de vazão nos produtores outorgados do Rio Quaraí Vinicius Corrêa Costa - tecnólogo em Agronegócio

N

o mês de setembro do ano de 2016 realizaram-se diversas reuniões presididas pelo Comitê de Bacias do Rio Quaraí no prédio da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, tendo como pauta a notificação enviada pela Agência Nacional de Águas (ANA), aos produtores, cobrando a realização de medições nos levantes localizados no Rio Quarai. Após diversas reuniões entre membros do referido comitê, produtores e entidades privadas, partiu dos arrozeiros a sugestão de que o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) realizasse este trabalho. Representado pela pessoa do coordenador regional da fronteira oeste, engenheiro agrônomo Ivo Mello, o Irga então colocou-se à disposição para executar tais medições. A equipe de trabalho foi assim constituída: responsável pelas medições Vinicius Corrêa Costa, Tecnólogo em Agronegócio. Auxiliaram nas medições o engenheiro agrônomo Icaro Daniel Petter e o técnico agrícola Valter Guerreiro. A supervisão foi do coordenador do Irga na fronteira oeste, engenheiro agrônomo Ivo

Medidor instalado pelo Irga 52

Mello. O objetivo do Comitê de Bacia do Rio Quaraí e também dos rizicultores ao solicitarem que os profissionais do instituto assumissem a responsabilidade pelas medições deu-se levando em conta o caráter público da autarquia e a referência dos profissionais no setor, o que dá maior credibilidade ao método e aos resultados do procedimento. Inicialmente tivemos muitas dificuldades na comunicação com alguns produtores, pois da lista enviada pela ANA constava apenas o nome dos outorgados, portanto, tivemos que descobrir quais produtores que estariam produzindo nestas áreas atualmente, o que demandou uma ampla investigação e busca de informações. Logo após esta etapa, procuramos entrar em contato com todos os arrozeiros, lhes informado como realizaríamos as medições e quais as modificações seriam necessárias realizar nas tubulações para a introdução do aparelho medidor de vazão. Primeiramente, realizamos impressões de um material com as instruções de instalação de uma luva galvanizada, que deveria ser soldada junto à tubulação, posteriormente foi pedido aos produtores para que colocassem um registro, o que tornaria mais fácil o trabalho, sem que fosse preciso ligar e desligar levantes. Em seguida, foram realizadas visitas aos notificados pela ANA, quando este material foi distribuído e o uso explicado aos produtores. O aparelho utilizado para a realização das medições foi um medidor de vazão portátil, de fácil instalação e resultados instantâneos, como: - Vazão, medida em l/s; - Velocidade da água; - Cálculo de vazão em relação à área de plantio; As medições foram realizadas até março/abril de 2017, em lavouras do

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Modelo de luva soldada na tubulação

município de Uruguaiana, Barra do Quaraí e Quaraí. Foram realizadas diversas medições, em diferentes datas, com o intuito de tornar os dados mais confiáveis e precisos, porém, no decorrer das atividades, encontramos algumas dificuldades, como: - Acesso precário a algumas estações de bombeamento; - Instalação da luva em local indevido. - Locais de difícil acesso (estradas precárias) e distantes; - Problemas de comunicação com alguns produtores (falta de sinal telefônico em algumas propriedades). Desta lista acima, a maior dificuldade foi o problema de comunicação com alguns rizicultores de localidades mais distantes, pois não tínhamos contato via telefone, e como dependíamos apenas do auxilio de um funcionário (nos produtores que não quiseram colocar o registro) para desligar e ligar os levantes, muitas vezes ao chegar às granjas não havia nenhum funcionário disponível, o que tornou os custos com deslocamento maiores. Ao final das medições, foi feito um relatório com todas as datas e medições realizadas, no qual se constatou que os produtores estão dentro das vazões permitidas pela Agência Nacional de Águas – ANA. Este relatório foi enviado ao Comitê de Bacia do Rio Quaraí e posteriormente aos agricultores.


ARTIGO TÉCNICO Após passados três anos, a agência solicitou que os produtores realizassem nova medição de vazão e apresentassem, através de metodologia apropriada, um relatório totalizando os volumes de água retirados do rio

durante a safra. O Irga conferiu a vazão declarada nos documentos de outorga in loco durante os meses de operação e entregou ao comitê de bacia um relatório com as conclusões, assinado pelo

técnico Vinícius C. Costa e o coordenador regional da fronteira oeste, engenheiro agrônomo Ivo Mello. Abaixo os mapas com os pontos de captação dos produtores outorgados no Rio Quaraí.

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ALMANAQUE

Há 50 anos, na revista Lavoura Arrozeira Julho e agosto de 1967 A edição nº 238 da revista enfocou na capa a 1ª Festa do Arroz de Dom Pedrito, com destaque para o carro alegórico em que desfilaram as princesas do evento. Outra matéria tratava da reestruturação do Departamento Técnico do Irga. Artigo do engenheiro agrônomo João Lena abordava a produção de sementes de qualidade garantida.

Setembro e outubro de 1967 Nesta edição nº 239, a matéria de capa abordava a criação de coelhos e o seu incremento no Rio Grande do Sul naquela década. Artigo do engenheiro agrônomo Arcy Cattani da Rosa enfocava mecanismo do funcionamento de uma bacia hidrográfica. Outro tema é a verminose como ameaça permanente para o gado, mostrando como a publicação era diversificada.

Novembro e dezembro de 1967 A visita de uma equipe de técnicos do Irga a uma fazenda de arroz em Arkansas (Estados Unidos) foi o principal destaque da edição nº 240. Outra matéria detalhava as pastagens na zona de fronteira do Rio Grande do Sul. Já nas primeiras páginas desta edição, uma reportagem sobre a palha de arroz, uma riqueza até então desprezada.

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ÁREA CAPACITADA PELO

PROVARROZ

Não-Me-Toque Ibirubá

São Borja

Itapuca

Itaqui Dona Francisca

General Câmara

Santa Maria

Alegrete

São Gabriel

Lajeado

Santa Cruz do Sul

Cachoeira do Sul Santa Margarida do Sul

Esteio

Nova Santa Rita Canoas

Cachoeirinha

Rio Pardo

Sto Antônio da Patrulha Capivari do Sul

Porto Alegre Viamão

Palmares do Sul Tapes Camaquã

Dom Pedrito

Canela Novo Hamburgo

São Leopoldo

Caçapava

Santana do Livramento

Gramado

Mostardas

Bagé São Lourenço do Sul

20 Universidades

Pelotas Capão do Leão

Arroio Grande

10 Escolas

04 Unidades de Saúde da Família (USF)

500 Merendeiras e Produtoras Rurais

Mais de 5.000 Formadores de opinião

O Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), desde 2016, vem alcançando novas cidades, distribuindo informação sobre os benefícios do arroz para a saúde e conscientizando merendeiras de escolas, estudantes da área da saúde e a população em geral a respeito da importância desse alimento para uma nutrição adequada.

Jaguarão



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