Irrigação em processo no Estado
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Pouco mais de 1 milhão de hectares são irrigados número considerado pequeno para a produção gaúcha
Esperado para hoje, o decreto da governadora Yeda Crusius regulamentando o funcionamento do programa Pró-Irrigação é um passo adiante para tirar do papel uma das idéias prioritárias do atual governo. A publicação da medida ocorre em um momento em que a falta de chuva volta a prejudicar a safra de verão gaúcha, causando prejuízos no milho e atrasando o plantio da soja.
Não há um dado preciso sobre a área irrigada nas lavouras gaúchas, mas a Emater estima que o total fique em torno de 1,13 milhão de hectares. Além dos 1,050 milhão de hectares cultivados com arroz, o Estado teria em torno de 80 mil hectares de outros grãos – soja, milho e feijão – irrigados. Em 2005, quando a seca arrasou a safra e as pastagens, a estimativa dava conta de que 50 mil hectares dessas culturas eram irrigados.
– Se considerarmos que temos quase 7 milhões de hectares cultivados, sem contar o arroz, é um número bastante pequeno. Precisamos aumentar em muito – avalia o responsável pelo setor de irrigação da Emater, o engenheiro agrônomo José Enoir Daniel.
Quando a Secretaria Extraordinária de Irrigação e Usos Múltiplos da Água foi criada, em 2007, a meta anunciada pelo secretário Rogério Porto era aumentar em 600 mil hectares a área irrigada no Estado até 2010. Por enquanto, o próprio secretário admite que pouco foi feito. Apenas 11 açudes em Fortaleza dos Valos foram construídos.
– Não tínhamos uma legislação que permitisse o funcionamento da secretaria, o que vai mudar agora com o (programa) Pró-Irrigação. Antes, por exemplo, não podíamos destinar recursos públicos para açudes em propriedades privadas – ressalta o secretário, que mantém a meta de irrigação para 2010.
Um produtor que espera o programa sair do papel é Evandro Camera, 36 anos, de Boa Vista do Incra, no noroeste do Estado. Em sua propriedade, há 230 hectares plantados com soja e 55 de milho. A soja, por enquanto, resiste à falta de chuva, mas a expectativa inicial de colher 110 sacas de 60 quilos por hectare de milho já foi reduzida pela metade.
– Até pesquisamos sobre a irrigação por pivô central, que custa em torno de R$ 5 mil por hectare, mas vamos esperar por melhores condições econômicas – afirma Camera.
Fonte: Zero Hora