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Seminário em Bagé debate o futuro da lavoura de arroz no Estado

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Presidente do Irga, Claudio Pereira, defendeu novo modelo de produção com autonomia para o produtor/Crédito: Daniela Garrastaz

Bagé - Integrando a programação da 7ª edição do Congrega Urcamp, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) promoveu na última segunda-feira (17), em Bagé, o seminário “Repensando a Lavoura Orizícola”. Com a presença do Secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, e do presidente do Irga, Claudio Pereira, o evento foi uma oportunidade de reflexão sobre o cenário atual da produção do arroz no estado.

Na abertura das palestras, Mainardi frisou que é preciso repensar a lavoura para que não ocorram sempre os mesmos problemas. Na opinião do secretário, as duas questões mais importantes a serem trabalhadas são o ponto de equilíbrio entre as culturas a partir da diversificação e o equilíbrio entre a oferta e a procura, oferecendo ao produtor uma atividade segura e mais rentável. “Precisamos trabalhar com conceitos diferentes para que continue crescendo o processo de conscientização da diversificação de culturas. Assim, seremos ‘produtores rurais’ e não apenas ‘produtores de arroz’, o que nos tornará muito mais competitivos”, defende Mainardi.

O presidente do Irga, Claudio Pereira, sob o tema “Soberania na Agricultura”, abordou o que ele chamou de “crise do modelo”, em que a lavoura de arroz funciona da mesma forma há muitos anos, voltada unicamente para grandes produções, utilizando, para isso, muito herbicida, adubo e uréia. Segundo Pereira, é preciso mudar esse processo e passar a produzir alimentos pensando no meio ambiente em que viverão as próximas gerações. “É aí que entra o Irga e as demais instituições de pesquisa, como a Embrapa, pesquisando e implementando alternativas como a rotação com soja ou milho e a integração lavoura-pecuária. Temos que buscar novos caminhos para deixar de ser escravo do modelo histórico”, enfatiza ele.

Claudio Pereira defendeu, também, a independência dos produtores em relação às empresas multinacionais. “É melhor que o Irga ofereça as soluções, valorizando a base produtiva do nosso país. O produtor precisa ter autonomia e soberania para ter liberdade de escolha”, afirma o presidente do Irga.

Outro tema em pauta durante o seminário foi “Sistemas de Produção de Arroz e Pecuária de Corte no Bioma Pampa”, apresentado pelo engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Pecuária Sul, Marcelo Pilon. Recentemente desenvolvido pela unidade de Bagé, o projeto apresenta possibilidades de trabalho com integração arroz-pecuária através de sistemas mais rentáveis para o produtor. As áreas de ação do projeto contemplam assuntos como cultivo de forrageiras de verão em várzea, transferência de tecnologia de sistemas de cultivo de arroz e melhoria do desempenho animal. Como possibilidades de integração, apresenta uso das sobras de pré-limpeza, fenação da palha de arroz, sobressemeadura de pastagens de inverno, pastagens de verão na várzea e produção de sementes forrageiras.

Pablo Badinelli, engenheiro agrônomo do Irga, falou sobre “Usos Alternativos da Várzea”. Em sua palestra, apresentou os benefícios da rotação do arroz com a soja como a quebra da dominância de espécies daninhas, minimização dos efeitos da resistência do arroz vermelho e capim-arroz, ciclagem dos nutrientes e garantia da semeadura do arroz na época correta. Segundo Pablo, a pesquisa é baseada na vivência de produtores  que revelam a obtenção de bons resultados com a adoção da prática.

Já a bióloga e pesquisadora da Fundação Zoo Botânica, órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Dra. Luiza Chomenko, trouxe o tema “Alianza del Pastizal’ e a Lavoura de Arroz”. A organização Alianza del Pastizal envolve os quatro países de Pampa: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. No ano passado, a instituição passou a desenvolver um projeto com o objetivo de avaliar a produção de arroz, seus sistemas e alternativas de produção a fim de compatibilizar a produção rural com a conservação da biodiversidade do Pampa.

A produção de arroz biodinâmico também esteve em pauta durante o evento. O assunto foi abordado pelo engenheiro agrônomo e produtor de arroz biodinâmico, João Batista Volkmann. O produtor, que cultiva arroz há mais de 20 anos, explicou o que é um produto orgânico. Segundo ele, é preciso ser produzido em um ambiente onde se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos como o uso responsável do solo, da água e de todos os demais recursos naturais. O processo valoriza, ainda, o produtor como um todo, levando em conta as relações sociais e culturais.

Participaram, também, do evento a Reitora da Urcamp, Professora Lia Quintana, o Pró-Reitor de Graduação, Pesquisa e Extensão da Urcamp e coordenador do Congrega, Professor Paulo Siqueira, o engenheiro agrônomo do núcleo do Irga em Bagé, Ronaldo Goettems, os conselheiros do Irga, Valdir Donicht e Sérgio Echenique Lopes, assessores técnicos e pesquisadores do instituto, o diretor da Fepagro, Danilo Reinhemer, produtores rurais e a comunidade acadêmica da universidade.

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