Dia Internacional da Água: A água e a lavoura de arroz
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Na verdade, não existe consumo de água em qualquer atividade econômica, inclusive na agricultura. A água não é consumida, e sim simplesmente utilizada, uma vez que após o seu uso retorna de forma integral à natureza de onde saiu. Quem utiliza a água a toma emprestado da natureza, a utiliza por um determinado período, e a devolve com um volume idêntico ao que retirou.
A população em geral tem a idéia, incorreta, de que a água que chega, por exemplo, em uma lavoura de arroz, ali acaba sumindo! Ou acaba se transformando em arroz, através de um processo químico! Não, isso não acontece, absolutamente!
O ciclo hidrológico vigente no planeta é fechado, e a substância água é imutável em volume e quantidade no decorrer do tempo. Existe uma quantidade limitada de água no planeta terra, uma quantidade conhecida, mensurável. Essa mesma água existe desde o tempo do início da vida na Terra e mantêm-se até os dias de hoje em volume e quantidade.
E, provavelmente, vai manter-se a mesma nos próximos milhões de anos. A menos que seja inventada uma forma de levar quantidades de água para fora de nosso planeta, como por exemplo, em naves espaciais.
Os sistemas produtivos tomam emprestadas quantidades de água no decorrer de seu processo, e a devolvem de forma integral no seu final. Não há desaparecimento de água durante os processos produtivos. Nem tampouco existem processos de criação de água, pois não se fabrica água. Só temos à nossa disposição aquela quantidade de água que sempre existiu no planeta.
Na lavoura de arroz a água que chega através da irrigação toma os seguintes destinos: infiltra-se no solo, retornando ao meio ambiente, ou escorre para o curso d’água mais próximo, ou evapora-se para a atmosfera. Uma pequena parte encerra-se na biomassa verde das plantas, incorporando-se, portanto de novo à natureza. Apenas uma pequena parcela, aquela que acompanha o produto nas prateleiras do supermercado e que se constitui de aproximadamente doze por cento do peso, é que sai das fronteiras do processo produtivo do arroz.
Porém, esta água ao ser consumido o produto, em qualquer parte do globo, voltará ao ciclo hidrológico através do metabolismo dos seres humanos que a utilizaram.
A utilização da água é, portanto, realizada em ciclos que chamamos de Ciclos Hidrológicos. Esses ciclos são constantes e infinitos. Não existe consumo de água, apenas a utilizamos e a devolvemos à natureza após o seu uso. Porém, como a quantidade de água no planeta Terra é finita, e a população é cada vez maior, a quantidade disponível per capita torna-se menor a cada dia. Isso significa que devemos racionalizar o seu uso e evitar sua contaminação, pois a água tornou-se um bem com valor econômico, devido à sua condição de escassez em função de sua disponibilidade.
A maior contaminação de água verificada em nossos dias é dos esgotos domésticos das concentrações urbanas. Esse é o grande responsável pela poluição das águas, pois após o lançamento dos dejetos das cidades deveria haver o tratamento dessas águas servidas. O que ocorre na realidade é que as comunidades não têm recursos necessários para realizar esse tratamento, e as águas servidas acabam por se juntar a outras, limpas, mais abaixo, e terminam por contaminar todo um manancial (rio, arroio, lago).
Há estudos em andamento que dão conta que as lavouras de arroz muitas vezes atuam como filtro das águas por elas utilizadas. Isso significa que as águas que saem do processo de produção constituem-se em águas mais limpas do que quando da sua entrada.
A substância Água talvez seja a única em todo o planeta que não se destrói e não se modifica ao longo do tempo. Sua molécula sempre foi e sempre será a mesma. Os níveis de poluição é que tendem a aumentar com o decorrer do aumento da população mundial.
Valery Pugatch
Engenheiro Agrícola
Coordenador da Comissão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente
Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga)