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Disponibilidade da radiação solar em dezembro, janeiro e fevereiro na região orizícola do RS

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Compare a radiação solar em diferentes períodos - Foto: Reprodução

Por Jossana Cera

A necessidade de radiação solar varia conforme a fase de desenvolvimento do arroz, sendo as fases mais importantes as compreendidas entre a diferenciação da panícula e o florescimento (estágios R1-R4), influenciando no número de grãos por panícula, e entre a floração e a maturação (estágios R4-R9) influenciando no peso de grãos. Por isso escolher a época de semeadura ideal é uma das principais práticas de manejo para os produtores alcançarem altas produtividades de grãos de arroz. Deve-se adequar o ciclo de desenvolvimento das cultivares à época de semeadura, para que esses períodos críticos aconteçam durante o período de maior disponibilidade de radiação solar, que no Rio Grande do Sul é compreendido entre os meses de dezembro e janeiro. Aconselha-se também evitar que a fase reprodutiva (R1-R4) aconteça de fevereiro em diante, pois além da menor disponibilidade de radiação solar, também aumenta o risco de ocorrência de temperaturas mais baixas a partir de meados de março.

Durante a safra 2016/2017 as condições de radiação solar vinham ocorrendo acima da média histórica, mas a partir da segunda quinzena de dezembro, com o aumento das chuvas, os níveis de radiação solar diminuíram, ficando até 3,5 e 4,5 MJ m-2 abaixo da média na região Central e na Campanha. Na primeira quinzena de janeiro, as chuvas continuaram e os níveis de radiação solar continuaram abaixo da média climatológica, chegando a ficar 5,7 MJ m-2 abaixo do normal na Fronteira Oeste. Apenas parte da Zona Sul e da Planície Costeira Externa mostraram valores acima da média. Na segunda quinzena de janeiro, a radiação solar voltou a ficar acima da média histórica, assim como nos primeiros 15 dias do mês de fevereiro. Nos últimos 15 dias de fevereiro, a radiação solar voltou a ficar um pouco abaixo da média climatológica. Na Imagem 1 observa-se essas anomalias na forma de mapas, com médias quinzenais. Ao lado dos mapas das anomalias tem-se a climatologia, baseada numa série de dados de 30 anos, ou seja, como é, normalmente, a quantidade de radiação solar no Rio Grande do Sul. Nesses mapas conseguimos observar que a radiação solar é mais intensa nos meses de dezembro e janeiro, variando de 22 a 25 MJ m-2 dia-1, ou 526 a 598 cal cm-2 dia-1. 

Aquelas lavouras que se encontravam na fase reprodutiva nestes períodos de menor luminosidade podem ter seus potencias produtivos reduzidos devido a essa menor quantidade de radiação solar que chegou até as lavouras. Segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), 50% das lavouras da Fronteira Oeste, Campanha, Zona Sul e Planície Costeira Interna encontravam-se em período reprodutivo neste período de menor disponibilidade de radiação solar.

Segundo dados divulgados pelo Irga, 35% da área de arroz já foi colhida e, até o momento, a Zona Sul aparece com os maiores valores de produtividade. Sabe-se que, normalmente, a Fronteira Oeste é que apresenta os maiores valores de produtividade devido àquela região receber a maior quantidade de radiação solar. Porém, neste ano, a região Sul do RS é que teve a maior quantidade de horas de sol acumulada, que atrelada ao bom manejo dos agricultores tem propiciado os maiores índices de produtividade.

Jossana Cera é meteorologista, doutora em Engenharia Agrícola pela UFSM e consultora do Irga

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IRGA