Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Irga 70 anos: acontecimentos que marcaram o desenvolvimento da lavoura de arroz

Publicação:

Porto Alegre – No próximo dia 20 de junho, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) estará completando 70 anos de serviços prestados em prol da lavoura arrozeira. Ao longo dessa jornada, foram muitas as ações desenvolvidas pela autarquia, que representa o interesse de toda a cadeia produtiva, sob os aspectos técnicos, político e econômico. A partir desta quarta-feira, estaremos resgatando fatos que marcaram a história do Irga ao longo de sete décadas. Nos dias 16 e 17 de junho, serão realizadas atividades para comemorar os 70 anos da Instituição.

 

Passos que influenciaram avanços na lavoura de arroz do RS

 

Sob os auspícios do Sindicato Arrozeiro, estabelecido em 1926, o engenheiro agrônomo Bonifácio Carvalho Bernardes foi fazer mestrado nos Estados Unidos, na Estação Experimental de Beamont. A partir de novas ideias, projeta-se a Estação Experimental do Arroz de Cachoeirinha e inicia-se todo um processo de desenvolvimento organizado da pesquisa orizícola no Rio Grande do Sul. Na década de 30, essa ação foi considerada pioneira e arrojada, algo que hoje é comum na agricultura brasileira.

 

A criação da Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha (1939), foi o segundo passo importante visando a ideia de continuidade da dimensão técnica para o desenvolvimento da lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, já estabelecida no antigo Sindicato Arrozeiro.  A criação da EEA surgiu um pouco antes do Irga. A partir da criação da EEA e do retorno do aperfeiçoamento técnico, Bonifácio Carvalho começa a promover, pela primeira vez, de forma organizada, a entrada de genótipos de arroz na lavoura arrozeira, bem como a introdução e a geração de tecnologias de manejo da cultura de arroz irrigado. Nas décadas que se seguem há a formação de um grupo de pesquisadores e extensionistas, que vão ser decisivos na moldagem da lavoura de arroz do RS.

 

Fatos da década de 60

 

O convênio MEC-USAID, entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade de Wisconsin, possibilita ao Irga enviar seis técnicos para visitar a região arrozeira dos EUA, por um período de dois meses. A partir dessa viagem, entre outras coisas, surge a importância do aplainamento das lavouras arrozeiras. Para tanto, o Irga importará dos Estados Unidos as primeiras plainas a serem usadas no Estado.

 

As primeiras importações de herbicidas para as lavouras de arroz do RS serão feitas pelo Irga face ao crescimento do problema das plantas daninhas na lavoura, principalmente o capim arroz. O Irga também fará os primeiros experimentos para o manejo de plantas daninhas com herbicidas. O primeiro produto importado foi à base de Propanil, cujo nome comercial era “Queen-rice”.

 

Outro fato que moveu a lavoura de forma definitiva até os dias atuais, foi uma pesquisa de mercado feita pela autarquia nas feiras de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde detecta-se que a preferência das donas de casa era pelo arroz longo fino, que após o cozimento ficasse “soltinho”, sem empapar. É a partir desse conceito que o arroz irrigado começa a ganhar a preferência do consumidor brasileiro em detrimento do arroz de sequeiro. Fazer uma pesquisa de mercado hoje é uma obrigação, mas buscar isso na década de 60 era algo totalmente inédito.

 

Fatos da década de 70

 

Essa década foi marcada por um forte investimento em pesquisa, marcada pela celebração do convênio entre o Irga e o Centro Internacional de Agricultura Tropical de Cali (Colômbia) – CIAT, que será referencial para o crescimento nos próximos anos. Neste centro de excelência serão capacitados a maioria dos pesquisadores e extensionistas da autarquia. A capacitação do melhorista Paulo Sérgio Carmona é um ponto forte dessa parceria, pois ele trabalhou com um dos melhoristas mais importantes de toda a evolução genética da cultura do arroz: Dr. Peter Gennings. Ele é o principal responsável pelo desenvolvimento das cultivares denominadas de tipo moderno, com plantas de folhas eretas e porte baixo, cuja primeira variedade será a IR8. Fruto desse trabalho surgirão as duas primeiras cultivares de tipo moderno produzidas em grande escala no RS: a BR-IRGA 409 e a BR-IRGA 410.

 

Fatos do novo milênio

 

Neste período, caberá ao Irga o desenvolvimento de um marco tecnológico, que está provocando profundas modificações no processo de produção da lavoura do Estado: o “Projeto 10”. Baseados em conceitos agronômicos desenvolveu-se um projeto de manejo, com pesquisas desenvolvidas na EEA, e difusão de tecnologias que têm facultado ao Estado colher a mais duas toneladas por hectare de média nos últimos anos, possibilitando também a muitos agricultores uma colheita de 10, 11 ou mais de 12 toneladas por hectare. Esse projeto tem proporcionado à lavoura de arroz uma maior sustentabilidade econômica, social e ambiental. Os conceitos do projeto e os resultados obtidos com o mesmo já romperam as fronteiras do Estado. Atualmente o Irga tem um grupo de pesquisadores e extensionistas que trabalha em busca de inovações tecnológicas visando o desenvolvimento de uma lavoura com alta produtividade, na busca de uma maior rentabilidade para o produtor.

 

Nesta quinta-feira confira a entrevista com o ex-presidente Balthazar de Bem e Canto, que presidiu a autarquia entre 1975 e 1979.

IRGA