Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Massa de ar polar atinge áreas produtoras no início de agosto

Publicação:

Simulações indicam chuva mais intensa somente no decorrer da segunda quinzena de abril
Agosto segue com tendência de chuva - Foto: Arquivo/Portal RS
Por SOMAR METEOROLOGIA

Temperatura da Superfície do Mar

Em boletim atualizado em 29 de julho, o Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) diminuiu consideravelmente a chance de continuidade do El Niño nos próximos meses. Na origem da mudança está a temperatura do oceano Pacífico profundo. Há alguns meses, áreas entre 100 e 200 metros de profundidade vêm registrando águas mais frias que o normal. E estas águas frias avançam para a superfície e enfraquecem cada vez mais o fenômeno El Niño. Tanto que na superfície, o Pacífico Leste está mais frio que o normal desde junho e as demais áreas do Pacífico ainda estão registrando desvios positivos, porém cada vez mais modestos. Ainda de acordo com a NOAA, a neutralidade prosseguirá até o fim de 2019.

Embora o aquecimento do oceano Pacífico esteja em término, a atmosfera ainda demora a mudar. Perceberemos um padrão típico de El Niño até aproximadamente outubro, com chuva acima da média no Centro e Sul do Brasil. Esse padrão observado está sendo comparado ao ano de 2005, quando apesar do término de um El Niño ainda no primeiro semestre do ano, seus efeitos foram registrados até o início da primavera. Pode-se concluir que o próximo período úmido será bem diferente do último entre áreas da região Sul. Com El Niño presente, a chuva foi mais frequente no centro e sul do Brasil, ficando abaixo da média em áreas do Norte e Nordeste. Em 2020, a chuva será mais intensa e frequente sobre o centro e norte do Brasil, enquanto que a Região Sul, sobretudo o Rio Grande do Sul, correrá maior risco de chuva irregular e estiagens regionalizadas.

Por fim, embora estejamos sob El Niño com temperaturas acima da média, o fenômeno não é capaz de barrar todas as ondas de frio. Tanto que registrou-se a menor temperatura em pelo menos três anos no início de julho. Novas ondas de frio podem aparecer tanto em agosto como em setembro, especialmente na Região Sul. Não são frequentes, mas podem ser intensas. Nesse contexto, o mês de agosto, por exemplo, já começa com possibilidade de onda de frio intensa, logo no primeiro fim de semana do mês. Uma massa de ar polar volta a derrubar significativamente as temperaturas entre os dias 3 e 6 de agosto. Há risco para ocorrência de geada entre áreas do Sul e até possibilidade de neve entre áreas das Serras Gaúchas e Catarinense nesta sexta-feira (2/8). Com relação às chuvas, como mencionado acima, a atmosfera ainda responde como um padrão de El Niño, portanto, a maioria dos modelos de previsão ainda indica que o mês de agosto segue com chuva acima da média normal climatológica para a maior parte do Sul, como tem sido comum nos últimos meses devido a presença do fenômeno.

Temperatura - Previsão Geral

Julho começou com uma onda de frio intensa no Centro Sul do país por causa do avanço de uma massa de ar polar. O sistema provocou recordes de frio entre os dias 5 e 7, ocorrência de geada e até neve em pontos mais altos da Serra Gaúcha. Outros dois períodos de frio foram registrados ao longo do mês, por volta do dia 15 e 27, mas a intensidade do frio foi bem menor. De modo geral, como era previsto, o Rio Grande do Sul enfrentou uma grande oscilação de temperatura durante o mês de julho, com calor acima da média entre os dias 19 e 23. Mas a média de temperatura ficou, somando-se todos os valores registrados no mês, ligeiramente abaixo do normal.

O mês de agosto começa com possibilidade de onda de frio intensa, logo no primeiro fim de semana do mês. Uma massa de ar polar volta a derrubar significativamente as temperaturas entre os dias 3 e 6 de agosto. Há risco para ocorrência de geada entre áreas do Sul e até possibilidade de neve entre áreas das Serras Gaúchas e Catarinense na sexta-feira (2/8). Ao longo do mês, outras duas quedas mais expressivas na temperatura estão previstas, uma no meio e outra no fim do mês, mas já sem grande potencial para ocorrência de geada generalizada, o frio deverá ser mais intenso apenas em áreas da Campanha e Serra Gaúcha. A possibilidade de massas de ar frio se estende também para setembro, no início e fim do mês, porém cada vez mais o risco para geada nas áreas de rizicultura diminui.

 Precipitação - Previsão Geral

Julho termina com chuva dentro e até acima da média climatológica em alguns pontos entre áreas produtoras de arroz em grande parte do Rio Grande do Sul. No entanto, a distribuição da chuva ao longo do mês foi irregular, com os maiores volumes concentrados ao longo dos últimos dez dias do mês, pois nesse período as instabilidades no alto da atmosfera ficaram posicionadas mais ao sul, com isso, as frentes frias ficaram mais concentradas entre o Uruguai e o estado gaúcho.

Agosto segue com tendência também de chuva dentro ou levemente acima da climatologia. Ainda com grande alternância entre vários dias de tempo seco e poucos períodos de chuva mais frequente, ou seja, não será um mês totalmente chuvoso. Na verdade, as simulações mostram três episódios de chuva mais volumosa no Estado, o que deve favorecer o somatório final do mês, superando assim, a climatologia. Um logo no início do mês, nestes primeiros dias de agosto, outro entre os dias 10 e 15. No fim do mês a chuva volta a ganhar mais intensidade. Setembro tende a começar com tempo mais seco, mas na segunda quinzena, os modelos apostam em chuva frequente e com acumulados expressivos, o que deve garantir anomalias positivas para todo o estado.

Aliás, com o início da primavera, a tendência é de aumento no volume de chuva, tanto que para outubro, as chuvas ficam mais bem distribuídas ao longo do mês e com bons acumulados que devem também superar a média normal climatológica. A chuva começa a perder frequência e volume no fim do ano com o início do verão. Vale inclusive atenção especial nesse período, que promete ser bem diferente do início de 2019, já que o fenômeno El Niño não estará mais presente e a neutralidade climática começará a assumir um viés negativo, ou seja, saímos do padrão de El Niño e entramos no padrão La Niña. Isto é, no alto verão é possível que, como citado anteriormente, ocorram chuvas bastante irregulares e estiagens regionalizadas. Para as áreas produtoras de arroz, este cenário exige cautela do produtor, que este ano deve planejar melhor as áreas de plantio e evitar áreas muito altas e longe das margens de rios e lagos, pois o nível de água não deve transbordar com tanta facilidade durante o desenvolvimento das áreas produtoras.

0003 (10)
>
IRGA